Começo a postar hoje o “Livro dos contrários”, de Marcos Prado. Edição esgotada, publicado pela Lagarto Editores. Este exemplar é uma raridade e mostra a competência poética do curitibano que hoje está em outras paragens, certamente cantando em prosa e verso a vida como ela foi.
um homem caminha rumo ao horizonte
com uma calma que o faz driblar o passo
isento de pensamentos e de cansaço
sem com quem falar nem com quem conte
sentindo-se infeliz e cabisbaixo
porque subir não o leva além de ontem
com uma calma que o faz driblar o passo
isento de pensamentos e de cansaço
sem com quem falar nem com quem conte
outro, sobe apressadamente um monte
sentindo-se infeliz e cabisbaixo
porque subir não o leva além de ontem
os dois se encontram um dia num deserto:
— isso um dia já foi uma floresta
— em qualquer direção que eu vá, fico mais perto
e se despediram , um com aceno de dor, o outro de festa
você que é sábio, se diz bom e esperto
diga qual o que ama e qual detesta
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