“Eles [bispos] criaram e abandonaram essas instituições como justificativa para conseguir mais doações de fiéis e continuar a cometer crimes de estelionato e falsidade ideológica”, diz o promotor.
Segundo o membro do Ministério Público, a situação dessas entidades, voltadas ao auxílio de crianças, é precária e de abandono, inclusive com alimentos vencidos e muita sujeira. As instituições, que seriam ligadas à igreja, estão localizadas em Franco da Rocha (Casa Lar), Heliópolis (Núcleo Assistencial) e Santana do Parnaíba (Centro de Ressocialização) e viveriam de recursos próprios.
A alegação de que o dinheiro da Renascer era usado em atividades filantrópicas fez parte dos depoimentos prestados pelos bispos à Justiça em setembro do ano passado. Como eles não apresentaram dados que comprovassem essas doações, o promotor afirma que teve que produzir essas provas, que agora fazem parte do processo criminal a que os fundadores da Renascer respondem por lavagem de dinheiro.
Ainda segundo Mendroni, nenhuma das entidades possuía documentos que comprovassem o recebimento de doações da igreja. “A entidade deveria ter o controle dos gastos”, argumenta Mendroni. “Esses dados serão encaminhados às autoridades competentes, para que providências sejam tomadas”, afirma.
Procurada pela reportagem de Última Instância, a assessoria de imprensa dos bispos prometeu se manifestar sobre o caso ainda nesta terça-feira.
Empresa da féSegundo reportagem da revista Veja, os bispos teriam um patrimônio de R$ 130 milhões, em carros importados, apartamentos, fazendas e haras, no Brasil e no exterior. Também foi descoberta uma conta bancária dos fundadores da Renascer nos Estados Unidos, com uma movimentação de quase
R$ 4 milhões em cinco anos.Ainda de acordo com a revista, o casal, que responde por diversos crimes na Justiça brasileira, possui R$ 6,5 milhões em dívidas com o fisco paulista. O casal foi preso no dia 10 de janeiro nos Estados Unidos, onde foram condenados após serem flagrados na alfândega do Aeroporto de Miami, com US$ 56 mil em espécie (cerca de R$ 112 mil). O casal diz que as denúncias são mentirosas.
Estevam Hernandes Filho, conhecido como apóstolo, e sua esposa, Sonia Haddad Moraes Hernandes, conhecida como bispa Sonia, respondem a ação penal por prática de crimes de lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, estelionato e formação de quadrilha. Ambos têm prisão preventiva decretada no Brasil.
Rosanne D’Agostino/Folha de São Paulo