As festas dos ricos são encomendadas ao bufê da esquina, e “assar uma carninha” virou sinônimo de churrasco, invariavelmente pontuado por bêbados falastrões quando não agressivos. Sei de muita churrascada “elegante” que acabou em pancadaria.
O pior é quando tais ágapes se dão nos prédios new-kitsch do Champagnat, que é como chamam hoje o Bigorrilho de minha infância. Sem nem mesmo o charme dos subúrbios com suas
churrasqueiras e o desbragado som de Bruno e Marrone…Nos Anos Loucos, repórter bandalho de O Globo, fui assíduo dos generosos “scotchs” dos muito ricos, sobretudo os de Beki Klabin, no suntuoso triplex da Vieira Souto, no Rio. Apaixonada por Waldick Soriano (quem esquecer há-de?), invariáveis as “bocas-livres” à beira da piscina no apê frente ao mar de Ipanema. Tudo muito esquizo e malsão. Ali os rega-bofes da velhusca perdulária; lá fora, o Horror Médici a rugir.
De Curitiba, sei de ouvir falar. O nunca esquecido Nelson Faria, um dos fundadores da pioneira Quatro Estações, revista dedicada aos “socialites” curitibanos de antigamente, me contava, feito quem conta um conto de fadas, das aristocráticas recepções, nos anos 50s, na Mansão das Rosas, por exemplo. Segundo ele, iam além da imaginação.
Tendo como anfitriã a matriarca Mercedes Fontana, nos dias de festa, o pátio do palacete entupido de reluzentes cadilaques, esplendiam archotes, tilintavam os cristais. Justo onde, hoje, rente à via expressa, na João Gualberto, pulula modernoso complexo de prédios residenciais. Ali a toda Curitiba pontificava numa “féerie” proustiana como não se faz mais.
Feliz o E.G.C., no céu que lhe aconteceu.
Não viu se evaporarem as divas nem o colo exuberante de jóias das divas d’antanho, nas festas que, não existindo mais, são só a nostalgia de uma Curitiba que o vento levou.
Wilson Bueno [09/03/2008] O Estado do Paraná.
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