Baú do Benett

O Fim dos cartunistas.

Sempre gostei desses livros com títulos sentenciando o fim de alguma coisa: o fim do trabalho, o fim do emprego, o fim de livros com títulos apocalípticos. Mas esse texto, de apocalítptico, tem só o título. Vou falar sobre um assunto de importância vital e de interesse coletivo: os salões de humor.

Salão de humor não é um lugar onde você vai para fazer as unhas e o cabelo com alguém como o Costinha. Salão de humor é o reduto onde cartunistas se encontram, expõem seus trabalhos e passam uma semana em um hotel 5 estrelas com tudo pago -pelo governo, de preferência.

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Cartunistas já foram uma classe artística/intelectual importante nos anos 70/80, decaindo um pouco nos 90, se tornando quase prosaica nos anos 00 e que, para a próxima década, corre sério risco de extinção, ou de ver seu status rebaixado ao nível dos tipógrafos, dos taxidermistas e dos escritores de cordel. Por quê? Um dos motivos é porque os salões de humor minguaram, se tornaram meio arcaicos, viraram quase uma feira de artesanato de colônias exóticas do interior do Paraná. Com isso, foram simplesmente deixando de ser interessante para os cartunistas mais importantes e atraente para o público.

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Os salões que tinham mais repercussão na mídia -quando falo mídia, estou me referindo à imprensa escrita, falada e televisada, e não à cds virgens azulados. De onde essa de chamar cds e dvds virgens de “mídia”? A mídia nunca foi virgem, pra começar…

Do que eu tava falando? Ah, sim, os dois maiores salões de humor desapareceram: Salão de Foz do Iguaçu e Salão Carioca de Humor. Piracicaba sobrevive, Piauí foi pra UTI e…bem, sobraram dois ou três bravos resistentes que correm o sério risco de desaparecer mais rápido que nota de 10 reais em minha carteira.

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Eu já tinha conversado sobre isso com o Solda, o grande mestre do cartum paranaense. Sobre a possibilidade de fazer um salão de humor em Curitiba. Mas com outro nome talvez, porque salão me parece salão do automóvel ou salão de beleza da Irene. E o termo está desgastado. Teria de ser algo que envolvesse mais do um concurso e uma exposição. Algo envolvesse…telecatch!

Sim, lutas físicas entre cartunistas: Ziraldo versus Ota, com a preliminar de Edgar Vasquez contra Albert Paiuí. O vencedor encararia o ganhador de Millôr Fernandes versus Rettamozo.

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Ok, essa última idéia é esdrúxula, mas a idéia de um encontro de humoristas e artistas gráficos em Curitiba seria fantástica. Pra tirar um pouco do limo.
Benett, Salmonelas

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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