Ser jornalista é…

Benett, 34 anos, chargista da Gazeta do Povo e formado em Jornalismo pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

Ahn… Honestamente? Não tenho a menor idéia. Mas posso investigar algumas pistas que encontrei por aí. Lembro de uma tira fantástica do Hagar, o horrível – personagem do Dik Browne – em que Hamlet, o filho do bárbaro, pergunta ao pai o que é ser viking. Hagar responde que é lutar contra exércitos de hunos, passar fome, passar frio, ficar dias fora de casa, longe da família. Hamlet lhe pergunta qual é o lado bom disso tudo. E Hagar replica: “Esse é o lado bom”. Essa gag do Dik Browne ilustra perfeitamente a idéia que faço do que é ser jornalista.

Ser jornalista é ficar horas e horas na redação do jornal, quase não conhecendo algo básico chamado vida, em nome do zelo pela informação mais precisa e imparcial possível; é denunciar pessoas perigosas e por isso correr o risco de apanhar e morrer (não necessariamente nessa ordem); é escrever textos acreditando que eles vão fazer alguma diferença na vida de alguém…
Até o último ano de Jornalismo (por incrível que pareça, também sou formado na área), achava que seria repórter, mas quis a sorte (minha e dos leitores) que eu descolasse um emprego de chargista antes disso acontecer.

A charge política é uma forma de jornalismo muito semelhante à crônica, só que em uma versão gráfica, desenhada. Para se fazer uma charge, é preciso estar inteirado sobre o que anda rolando na política, saber distingüir informações precisas de cacos de editores. Vocês não sabem o que são cacos na notícia? Huummm…perguntem a qualquer repórter da Veja – e por aí vai.

Sobre os perigos da profissão, um deles amedronta mais do que editorial da Folha Universal: os processos usados como forma de intimidação aos jornalistas. Todo bom jornalista já foi processado alguma vez. Os que não foram, tenham a certeza que ainda serão. Eu já tive alguns problemas. Tentaram pegar uma grana que eu nem tinha, fui ameaçado, quase apanhei. Tudo por causa de algumas charges que ousaram
profanar a soberba e a vaidade dos poderosos donos do poder.

Na real, é pra isso que serve a charge: beliscar a bunda do carrasco, enquanto o jornalismo tenta puxar o tapete dele. E qual o lado bom disso tudo, você me perguntaria? Esse é o lado bom!

Gazeta do Povo.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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