Ele vende, por exemplo, apenas um pé de sapato – e garante que existe demanda para o produto, pois são muitas as pessoas que circulam sem uma perna pela cidade; ele vende ferro de passar que não esquenta, cafeteiras com o vidro trincado, baralhos faltando cartas…
O símbolo máximo da penúria nacional. Na Glória, centro do Rio de Janeiro. E o PROCOM não pode reclamar, pois ele (o vendedor) apresenta como primeira referência o próprio defeito. Sugere que o comprador use PARTES dos objetos ou que tente consertá-los, se for sua especialidade. Assim, uma retífica de motores bem que poderia se interessar por uma geladeira quebrada. Com preço abaixo da banana. Acho que encontrei o tema da minha próxima crônica (ou conto), ainda com um pé na realidade: O Vendedor de Nada ou Miudezas de Esperança, a biografia de um brasileiro em crise. Faço o registro neste blog como marco zero das minhas intenções autorais para o ano de 2009.
Toninho Vaz (que também fez a foto), de Santa Teresa.
2 respostas a O vendedor de nada