Lá, verdade que um pouco mais afastadas, pequenas aglomerações se formam, onde gargalhadas premiam piadas bem contadas. Já se ri muito à vontade por lá.
Lá tem gente de celular pelos corredores, falando alto e qualquer assunto, como se estivesse em casa ou no trabalho. E não é surpresa se algum estiver em viva-voz.
Lá, mais cedo ou mais tarde, sempre acontecem as ladainhas de padres, de pastores, de rabinos e outras autoridades religiosas. Às vezes cantam hinos ou até música popular.
Lá, tem lanchonete e sempre se ouvem gritos de alguém perguntando se alguém quer algo de lá ou um outro alguém pedindo pra alguém trazer alguma outra coisa.
Lá, não falta um ou outro radinho, ou mesmo uma tevê, discretos ou indiscretos, mais perto ou mais longe, transmitindo ondas sonoras intrusas e deslocadas.
Lá, se ouvem os ruídos dos veículos lá fora, na faixa, com buzinas, sirenes, motores, freadas e escapamentos. E há um entra e sai de automóveis, nem sempre silenciosos.
Lá, nos preparativos finais, rangidos de madeira sendo aparafusada e de rodas sacolejando na trilha são amplificados nos mais sensíveis.
Lá, até os quero-queros soltam seus alarmes estridentes, enquanto acompanham a multidão que se move.
Lá, no último momento, os últimos sons que se deseja ouvir ganham ressonância além dos tímpanos, gravando o instante para sempre.
Lá, depois que tudo acaba, as pessoas se despedem audíveis à distância, com recados em voz alta, e combinações para que apareçam.
E ainda chamam, lá, de Jardim da Paz.