Morre Claudio Seto, o adeus do Samurai de Curitiba

CLaudio Seto – 1944/2008 – Foto de Raquel Santana.

Infelizmente este ano não esta fácil para os mestres da HQB; pois eu soube pelo Sebastião Seabra que o mestre Claudio Seto, faleceu na manhã de hoje, exatamente às 10:30; o artista que sofreu um derrame ontem 14/11, foi responsável pela formação de muitos artistas nacionais além de ser um exemplo de quadrinista Brasileiro a ser seguido.

O artista de 64 anos nasceu em Guaiçara, São Paulo, em 1944; aos nove anos foi ao Japão para estudar no Templo Myoshinji, da seita Zen, em Quioto. Após três anos, prosseguiu seus estudos religiosos e de cultura japonesa em Kyushu, no monte Ehiko-san, no templo de mesmo nome, pertencente à seita Shugêndô. No período em que ficou no Japão, Seto mergulhou na história do Japão e aprendeu muitas artes como: haiku, tanka, shodô, kadô, kendô, ninjutsu, mangá, kyudô e bonsai. Ao voltar ao Brasil, com 17 anos, Seto trabalhou como argumentista e desenhista de história em quadrinhos em São Paulo, foi editor de varias revistas em Curitiba, chargista, e ilustrador.

Recentemente lançou o álbum Lendas do Japão pela Devir Livraria. Desde 2000 estava colaborando semanalmente com textos e ilustrações para o Caderno Zashi: Lendas do Japão, para o Jornal Nippo Brasil, onde a ultima atualização foi o saco de arroz encantado.

Claudio Seto,
como desenhista veterano dos quadrinhos brasileiros e mestre da arte nacional, sempre foi respeitado e amado por todos que conheciam sua pessoa e trabalho, recebeu merecidamente diversas homenagens e premiações como, o título de Cidadão Honorário de Curitiba, entregue em 2007 pela cidade; também teve sua vida de quadrinista documentada em vídeo, com o titulo, O Samurai de Curitiba, um curta que contou com a direção de Rober Machado.

Mas foi no final da década de 60, na Editora Edrel, que o artista se consolidou com o primeiro artista brasileiro a utilizar o estilo mangá nos quadrinhos nacionais, produzindo suas belas e conhecidas HQs com samurais e ninjas.

Já na década de 70 trabalhou na Editora Grafipar, onde trabalhando como desenhista e editor e dessa forma, reuniu grandes artistas nacionais, que hoje são considerados mestres da HQB assim como ele; artistas como Flavio Collin, Julio Shimamoto, Mozart Couto, Watson Portela, Rodval Matias e Franco de Rosa. Criador de personagens de sucesso como Maria Erótica (1970) uma loira peladona, nacionalista e generosa parafraseando Carlos Patati e Flávio Braga; e o Samurai, personagem lançado em 1969, onde Seto ganhou muito sucesso; já que até então, não havia se visto tanta emoção, sangue, e fúria numa publicação de quadrinhos brasileiros. Também foi responsável pelo álbum A História de Curitiba em Quadrinhos, publicada no aniversario de 300 anos da cidade.

Claudio Seto recebeu merecidos prêmios como a homenagem do Ângelo Agostini como “Mestre do Quadrinho Brasileiro” (1990); o HQMix, como “Grande Mestre do Quadrinho Brasileiro” (1995); e uma homenagem como “Pioneiro e Mestre do Mangá no Brasil”, homenagem concedida pela
Associação Brasileira dos Desenhistas de Mangá e Ilustradores (1996).

Eu poderia dizer como já disse que a morte de mestres dos quadrinhos como Claudio Seto são lamentáveis, mas além de lamentáveis são ainda mais frustrantes quando eles se vão, sem terem sido valorizados como merecem, felizmente, se é que posso dizer esta palavra; o Claudio Seto conseguiu o respeito, a admiração e as homenagens já citadas; coisa que nem sempre acontece na vida de um artista brasileiro; meu desejo é que os artistas de hoje possam de inspirar em artistas como o Seto, sendo profissional em seus projetos, e dedicado a mostrar a arte e a qualidade do quadrinho brasileiro em suas historias. Foi um artista multifacetado, inspiração até hoje para artistas como Mozart Couto, Rodval Matias, Julio Shimamoto, Sebastião Seabra, Eros Maichrowicz, Flávio Collin entre vários outros.

A Máxima Samurai diz que “O homem que alcançou o domínio de uma arte revela-o em cada um de seus atos.” Com Claudio Seto não foi diferente, minha esperança é que seu exemplo de artista brasileiro, seja seguido pelos jovens artistas que estão chegando; e que Deus através de seu Santo Espírito Consolador esteja confortando a família desse artista nessa hora tão triste; e quanto a nós, iremos orando por um futuro mais justo e brilhante para o quadrinista brasileiro. Michelle Ramos/Zine Brasil.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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