O radiodespertador tocou e em seguida informou que a população mundial cresce 178 pessoas por minuto. Enquanto tocava algo do Vivaldi, executado por 178 sinfônicas, procurei meus 178 pares de chinelos. Caminhei 178 metros até o banheiro,tomei uma ducha de 178ml e escovei os dentes 178 vezes. Abri o guardarroupa com 178 peças e me vesti. Entre cereais e pães, tomei café com 178 ingredientes, enquanto lia 178 jornais. Dei 178 beijos na minha mulher e saí. Desci os 178 andares do prédio e peguei um dos 178 ônibus que passava, onde me enfiei entre os 178 passageiros. 178 paradas depois, cheguei ao emprego. “Está atrasado 178 minutos”, disse meu chefe. Mandei ele à pqp 178 vezes, mentalmente, e fui ver as tarefas: 178 memorandos pra ler, 178 lápis pra apontar, 178 reuniões pra participar e igual número de telefonemas. Fui a um bufê de comida a quilo com 178 opções e mastiguei 178 vezes cada porção.
Dei uma caminhada de 178 passos por entre os 178 carros do estacionamento. Subi os 178 degraus da empresa e entrei na sala com 178 imbecis, digo, funcionários. 178 horas depois, fim do expediente, em que bebi 178 cafezinhos, respondi 178 e-mails, mas não consegui atingir a cota de 178 novos clientes. “Está 178% abaixo do nível esperado”, disse o meu chefe na saída, que foi de novo, silenciosamente, enviado 178 vezes à pqp. Cansado, gastei 178 reais de táxi até em casa. Jantei uma salada de 178 frutas, assisti o capítulo 178 da novela e na cama ameacei transar 178 vezes.
Dormi e tive 178 pesadelos com a superpopulação. Acordei antes da hora e quebrei o radiodespertador em 178 pedaços.