Todo dia é dia

Marcos Prado – Foto sem crédito.

south american way of life

eu sei que isso não vai dar em nada
mas não custa dar mais uma chacoalhada
o inglês pede cigarro em turco ao japonês
vou tentar lhe explicar pela última vez

não entra na tua cabecinha

assim como não entra na minha
espero que você faça nada por mim
triste espetáculo vê-lo comer capim

já me acostumei a falar com as paredes

mas não custa tanto ser ouvido às vezes
o bom pistoleiro, antes de olhar, saca
vou repetir, só que agora à tapa

não te torturo mais com essa ladainha

deus dá o trigo, o diabo leva o saco
e ainda por cima mija na farinha
(minha saliva no fundo do teu prato)

só não digo o que eu digo

entra por seu ouvido
e sai pelo outro lado
porque o som não se propaga no vácuo

marcos prado/thadeu wojciechowski

do livro Ultralyrics, Travessa dos
Editores, 2005

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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3 respostas a Todo dia é dia

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