Entre a cruz e a caldeirinha, cheia de encantos mil.
Foto Toninho Vaz .
Minhas observações do cotidiano me deixam perplexo (ainda!) com a revelação diária de monumentais focos de corrupção na administração pública e na privada. Na privada faz algum sentido, diante da inesgotável capacidade do brasileiro em fazer merda. Micro câmeras escondidas registram e denunciam, via Jornal Nacional, a voracidade dos corruptos em relação aos cofres públicos. Flagrantes com pilhas de dinheiro são exibidos a mancheias.
Estudos antropológicos confirmam a tese de que a alma brasileira – evoé, Gilberto Freire – é produto do escambo mais ordinário na história das navegações e do mercantilismo ocidental, de um modo geral, e lusitano, em particular. Coff! Coff! Macunaíma é um talismã e não um boneco a ser espetado e exorcizado. O arco da sociedade, no nosso caso, é o arco da velha.
Some-se a isso o delicado momento que vive a política fluminense com as perspectivas das próximas eleições. Estamos submetidos a uma escolha perversa que nos encaminha para optar, no segundo turno, entre o fanático (por dinheiro) Marcelo Crivela (PRB), ou o mauricinho-padrão Eduardo Paes (PSDB), o homem sem conteúdo. Como era de se esperar, a esquerda se esfacela em seus próprios destemperos, colocando em posições antagônicas gente como Fernando Gabeira (PV), Jandira Feghalli (PC do B), Alexandre Molon (PT) e Chico Alencar (P-Sol), todos bons candidatos. Assim fica difícil.
Ainda bem que estou com viagem marcada. Vou cair na estrada por mais 15 dias, Curitiba, Floripa, Tubarão, mesmo roteiro de semanas atrás quando fiz o circuito falando de poesia e literatura. Agora o assunto é O Rei do Cinema, livro-documentário contando a saga de Luiz Severiano Ribeiro, o cearense que construiu a maior cadeia de cinemas nos anos 40, 50 e 60. Uma história ligada às chanchadas da Atlântida, obra do filho Ribeiro Jr., que revelou os talentos de Oscarito, Grande Otelo, Dercy Gonçalves e uma geração de comediantes. Levo na bagagem uma seleta de cinejornais da época, no caso Atualidades Atlântida, grande sucesso nos vesperais… Para exibir nas palestras. Abrem-se as cortinas…
Toninho Vaz, de Santa Teresa.