“Você é um babaca, Jaguar”, eu disse pro espelho logo depois que li no jornal a notícia da morte de Leminski. “Um tremendo babaca.” Leminski foi um dos quatro porraloucas de gênio que conheci; os outros foram Hélio Oiticica, Armando Costa e Glauber.
Quando Leminski mandou pro Pasquim aquele seu romance-tijolo, Catatau, me irritou. Achei pernóstico, pretensioso, provinciano, metido à besta. Os artigos que nos mandou também, botei na gaveta. E ficou por isso mesmo. Isso foi há quase 20 anos. Há uns 2 anos estive em Curitiba, nos encontramos por acaso num bar. Porre de steinhager com cerveja. Me mostrou poemas magníficos. Ficou de mandar colaborações pro jornal. Escreveu um telefone de São Paulo num guardanapo de papel, é claro que perdi. Antes que conseguisse localizá-lo, a cirrose o apanhou.
Depois recebi Nicolau, uma revista paranaense com textos e poemas dele da maior qualidade. Mas no Pasquim, que é bom, não teve Leminski. Culpa minha. Perdão, leitores.