Leia Solda pra lembrar da alma

Foto de Francisco Kava
Entre um e outro e-mail vindo de outra galáxia, alguma coisa me lembrou daquele tempo. Tempo em que um sujeito que escrevia versos encontrava o tipo que fazia música e uma canção saía cantando pela cidade. Em que o cara que conhecia tipologia e ilustração pegava um texto qualquer da mão do camarada que escrevia e o transformava em alguma coisa. E o índio velho quando queria fazer uma peça logo reunia a caboclada que tinha um texto, uma luz, um som, uma cenografia, um figurino, um gesto. Se a memória não me falha, era um tempo de encontro entre as diferentes figuras que faziam essas coisas. E me lembro vagamente de que os jornais publicavam, as galerias expunham, havia temporadas em teatros, a televisão filmava e, no final, todo mundo tocava e cantava junto.
               
O resto você sabe: todo mundo foi esmerilhar a alma e virar especialista. O tempo encurtou, tudo ficou difícil, a galera deixou de besteira e foi cuidar da vida. Encontros? Só via fax, telefone, internet, velório.
               
Não sei se aquele tempo era melhor ou pior. Afinal, dá pra perder tempo sentindo falta daqueles palhaços? O que eu sei é que o Solda, com certeza, continuou se encontrando, como antigamente. Pois ele era, ao mesmo tempo, o cara do texto, o sujeito do desenho, o cara da música, o índio velho e a caboclada do teatro.
               
E você, leitor, está convidado a deixar de remoer o passado e vir de encontro ao texto pateticamente engraçado e poeticamente poderoso do Solda, cujo poder de atração, capaz de reunir tantas coisas, fatos e pessoas está à sua disposição, fora do tempo, e-mail que cai do céu. Coisa do coração. Coisa de alma pra alma. Esse tipo de coisa que coisa nenhuma pode afastar de nós. Lembra?
Roberto Prado, primavera, 2001

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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