Como não é do conhecimento de alguns, sou fissurado em palavras. Li, numa dessas revistas dirigidas, um artigo rápido de um cara chamado Luiz Costa Pereira Junior sobre o peso das palavras usadas pelas empresas.
Em resumo, a gente escreve ou fala coisas que não sabe o que realmente significam. Sendo eu publicitário, me babo com a linguagem atual das empresas. Elas querem impor algumas palavras idiotas como ‘gestão’ pra tudo. Até já falei sobre um cartaz grande onde o título era, mais ou menos, assim: Tudo fica melhor com gestão da saúde pela (empresa X). O diabo do redator não atinou pro grave ‘com gestão’. Congestão da saúde? Ótimo! O autor do artigo — Luiz Costa — revela o passado de algumas palavras e é muito interessante. Veja: ‘Líder’ vem do inglês leader, por causa do chumbo (lead) usado nas balas de armas de fogo. ‘Empresa’ vem do latim prehensa, ‘agarrar com força’. Virou também prender e empreender. O ‘trabalho’, até o século VI, significava ‘tortura’ (tripaliare). O mais legal é que ‘negócio’ vem de negotium, que é a negação do otium (ócio). ‘Banco’ vem de banca, mesa dos agiotas medievais nos mercados italianos. Se a banca falia, vinha a banca rupta (latim), banca rotta (italiano), bancarrota (português), bankrupt (falido em inglês).
Ah, isso me refresca a alma! Vou perguntar pro Luiz se o livro dele Com a língua de fora é sobre isso. Um manjar dos deuses, se for.
*Rui Werneck de Capistrani não tem palavras exprimir sua admiração pelas palavras