Amo Barbara, Ph.D. loira, com este sorriso avassalador, desbravador. Esta suavidade de traços que me levam a sonhar com um Paraíso sem filosofias, sem academias, sem emblemas.
Amo Barbara, Ph.D. morena, de uma timidez ancestral, de salões de bailes com músicas barrocas e intimidades quentes.
Amo Barbara, Ph.D. preta, que traz mistérios na alma e me desafia a desvendá-los com mãos de plenas carícias.
Barbara, Ph.D., loira, morena, preta, me tire desse inferno de palavras e métodos, de  incompreensão e pecados inconfessos, de pássaros e cobras, de improváveis ponteiros doidos de relógios antigos, de encantamentos solitários.
Barbara, Ph.D., quem é você? Quem se alimenta dos teus sonhos?
Volto a Voltaire como quem volta para seu país depois de longa ausência. Em 1748, depois de quinze anos de estudos e pesquisas conjuntas, a marquesa du Chatelet se apaixonou pelo jovem e belo marquês de Saint-Lambert. O filósofo não filosofou: enfureceu-se. Depois, curvou-se ao poder da juventude e deu palavras ao fato: ‘As mulheres são assim: desalojei Richelieu… e Saint-Lambert me expulsa! Essa é a ordem das coisas: a unha que nasce expulsa a outra… e assim o mundo gira.’ E até escreveu uma estrofe para o jovem marquês. Apenas um ano depois, a marquesa morreu de parto. Acredite, à beira do leito de morte, os três: o marido, Voltaire e Saint-Lambert. Que mulher poderosa! Voltaire foi até 30 de maio de 1778, tropeçando em milhares de filosofares, histórias, pensamentos e caiu sob apenas três palavras da lápide: AQUI JAZ VOLTAIRE.
Lá se vão 226 anos. Você, aí, da última fila, fez alguma coisa por essa vida? Ou se equilibra entre o vão e o fútil do cotidiano? A boca aberta, caçando moscas, denuncia um ser frágil num corpo jovem e forte. O que virá não tem importância!
Aula encerrada. Vou para a luz do sol. E o calor me inunda a alma e o sorriso.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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