Tulipas Negras solta a segunda fornada no dia 26 de junho no Museu Guido Viaro em Curitiba. São quatro mil exemplares gratuitos
A literatura brasileira contemporânea é mais. A Tulipas Negras acredita nas vozes que estão a pulsar, sobretudo em Curitiba. A nova fornada do selo que publica apenas contos, em papel, nunca on-line, está pronta.
No dia 26 de junho, a partir das 19 horas, no Museu Guido Viaro, acontecerá o lançamento dos livros-contos Adoração à virgem, de Luci Collin, Árvore e cavalo, de Guido Viaro, Os relicários, de Andrey Michalzechen e O destino do poeta, de Izabel Campana.
Cada livro-conto terá tiragem de 1 mil exemplares e, como são 4 vozes, no total haverá 4 mil exemplares – tudo com distribuição gratuita. O selo surgiu a partir do estímulo de uma empresária portuguesa, que prefere o anonimato, para evitar o assédio de autores-candidatos.
No dia 25 de fevereiro de 2012, aconteceu a primeira ação da Tulipas Negras. Em meio à Quadra Cultural 2012, iniciativa do Arlindo Ventura, o Magrão, mais de 10 mil pessoas circularam pelo setor histórico da capital paranaense em um evento a céu aberto. Naquele contexto, foi distribuída a primeira fornada da editora-tendência – tudo se esgotou em menos de sete horas.
Os livros-contos de Fábio Campana (Pantera), Marcio Renato dos Santos (934), Renan Machado (Helena) e Cristiano Castilho (Compressa) foram mais disputados do que bóia em dia de dilúvio.“A Tulipas Negras revolucionou o mercado editorial. Em primeiro lugar, por publicar apenas contos. Depois, pelo fato de apenas distribuir, sem cobrar nada, pelos livros-contos. Nunca na história desse país aconteceu algo semelhante”, afirma Marcio Renato dos Santos, escritor que teve conto publicado pelo selo e é o coordenador e curador da Tulipas Negras.
Movimento tupiniquim
Uma boa ideia sempre vinga. Assim pode ser contada a trajetória da Tulipas Negras.
Uma empresária portuguesa procurou o escritor Marcio Renato dos Santos. Ela queria pagar a edição de um novo livro dele. Mas Marcio Renato dos Santos, que escreve há 21 anos e estreou na ficção pela maior editora da América Latina, a Record, com o livro de contos Minda-Au, em 2010, ao invés de aceitar o financiamento para um novo livro, optou por sugerir a impressão de livros de outros autores, além de um dele.
Assim surgiu a Tulipas Negras. Em fevereiro de 2012, quatro títulos foram publicados: Pantera, de Fábio Campana; Compressa, de Cristiano Castilho; Helena, de Renan Machado; e 934, de Marcio Renato dos Santos. Cada título teve tiragem de 1 mil exemplares, e todos eles foram distribuídos em céu aberto no evento mais badalado da capital paranaense, a Quadra Cultural 2012.
Devido ao sucesso inicial, a empreendedora lusitana decidiu bancar nova tiragem e pediu a Marcio Renato dos Santos para escolher outros quatro autores. Daí, Marcio indicou Luci Collin, Guido Viaro, Andrey Michalzechen e Izabel Campana. “Considero estes autores geniais. Eles experimentam, inovam e podem oferecer aos leitores visões de mundo inéditas”, afirma Marcio.
Outros horizontes
Desde que a Tulipas Negras surgiu, em fevereiro de 2012, centenas de autores se candidataram. “Todo dia, recebo e-mails de pessoas que querem ser editadas pela Tulipas Negras. Mas a editora não aceita originais, nem cópias. Sou eu que escolho o que será publicado. Tenho essa autonomia”, diz Marcio.
O coordenador da Tulipas Negras não esconde de ninguém que pretende publicar, em futuras fornadas, livros-contos de Diogo Cavazotti, Ricardo Freire, Felipe Kryminice, Omar Godoy, Dary Jr, Guilherme Magalhães, Luiz Rebinski e José Carlos Fernandes, entre outros.
“A Tulipas Negras busca as vozes originais. Não quero publicar imitadores de tendências, nem leitores de orelhas de livros. A Tulipas Negras quer apenas autores, não emuladores e repetidores de vozes”, comenta Marcio.
“Convido a todos para o lançamento do dia 26 de junho. Vale conferir esses livros. São autores viscerais. É com satisfação que a Tulipas Negras publica Luci Collin, Guido Viaro, Andrey Michalzechen e Izabel Campana”, finaliza Marcio.
Serviço: Lançamento da segunda fornada da Tulipas Negras, com os livros-contos Adoração à virgem, de Luci Collin, Árvore e cavalo, de Guido Viaro, Os relicários, de Andrey Michalzechen e O destino do poeta, de Izabel Campana. Dia 26 de junho, a partir das 19 horas, no Museu Guido Viaro (R. XV de Novembro, 1348), Curitiba. Entrada franca. Os livros são gratuitos.