Touro. Abriram o joelho dele. Estava na morte proporcionada pela anestesia. Depois, mostraram a foto. Era pior que o que viu num açougue. Era tão dolorido quanto o grito do porco que esperneou quando lhe enfiaram uma peixeira para atingir um coração e erraram. Finalmente tinha se visto por dentro. Se apavorou. Perto daquilo, as catacumbas visitadas no pior das depressões eram estações do paraíso. A capa que imaginava inatingível, cortada por um bisturi minúsculo para a exposição na tela do computador daquele emaranhado tétrico. Ossos, músculos, nervos, tendões. Costuraram. E continuaram a fotografar. O alinhavo era algo parecido com a buchada de bode apresentada num boteco de azulejos azuis e moscas voando numa cidadezinha de beira de estrada no Nordeste. Ele olhou de novo todas as fotos, fechou a tela e ficou alisando a cicatriz imensa, pele esgarçada, dorzinha por dentro que vai acompanhá-lo até o fim da vida. Estou ali dentro, pensou. O avesso somos nós, filosofou. Então, abriu a gaveta e mais uma vez apreciou a coleção de armas brancas.
Aviso. Repito: como o blog do Zé Beto está em processo de mudança, o blogueiro envia o texto para publicação na minha pocilga e e pede perdão aos seus milhares de leitores. Zé da Silva escreve apenas quando dá na telha e se não for publicado, pode sumir do mapa como já aconteceu algumas vezes. Não vamos contrariar o rapaz. Vai que ele resolva fazer previsões pessimistas para o cartunista que vos digita… Ah, sim, o blog do Zé Beto deve voltar ao ar dia 15 de abril e no seguinte endereço: