A trilha sonora do inferno, quem diria, tem músicas que vão de Chico Buarque a Cole Porter, passando por Bertold Brecht e Sidney Magal. Essa é a visão bem particular da comédia musical Cabaret Luxúria, escrita por Rachel Ripani, que será apresentada em curta temporada, de 18 a 21 de abril, na Caixa Cultural (R. Conselheiro Laurindo, 280 – Centro), com sessões de quinta a sábado às 20 horas, e no domingo, às 19 horas. Amor, desejo e luxúria são os ingredientes de um triangulo amoroso que se desenrola no universo quente e erótico do Inferno, onde o show de cabaré é apresentado por Lilith (Paula Flaibann), a dona do bordel e mulher de Mephisto (Rubens Caribé), o cantor, gigolô e sedutor que se envolve com a jovem recém-chegada Justine (Rachel Ripani). Ao longo do espetáculo 15 músicas serão interpretadas ao vivo pela Banda das Perdidas, formada por cinco instrumentistas (piano, trombone, bateria, contrabaixo acústico) – um dos charmes da encenação. Foto Divulgação
Tendo como pano de fundo um cabaré no Inferno, o texto narra as aventuras dos personagens Lilith, Mephisto e Justine por meio do que a autora chama de ciclo da paixão. Primeiro o frio na barriga, os medos e as curiosidades, depois a entrega ao prazer e por fim o sofrimento e as conseqüências da paixão. A harmonia entre Lilith e Mephisto, seu parceiro espiritual e o lado masculino da entidade diabólica, é abalada peça entrada em cena de Justine. Tomado pelo desejo e pelo prazer ele se envolve com a jovem. Rachel Ripani comenta que para criar a peça começou a explorar o território do desejo, em clima leve e safado. “Queria dar voz à mulher que deseja, que tem sensualidade, identidade e um lado terrível também. Conforme fomos nos aprofundando, percebemos que a paixão também leva para uma área perigosa – da atração, do prazer, da sacanagem, do ciúme, da traição e da separação”.
Mephisto, o único homem em cena entre sete mulheres, ganha, portanto, a responsabilidade de salientar diversas vertentes masculinas em seu personagem. Ora é ingênuo, apaixonado e sedutor. Ora cafajeste e violento. Com toques bem-humorados, o espetáculo chama atenção em cenas como Marketing do Inferno, onde há interação com a plateia, e Carrossel Internacional, sobre as desculpas que os homens usam quando seus casos extra-conjugais são revelados. “Ultimamente, percebi que tenho um prazer enorme em fazer humor. Fico muito feliz, pois a comédia é um campo menos privilegiado e menos respeitado no teatro”, comenta Rachel.
Ao som de clássicos de Cole Porter, Gershwin e Kurt Weill mesclados a canções de Brecht e Jeff Buckley e trilhas de filmes (O Último Tango em Paris e 9 semanas e ½ de Amor), a peça se desenrola com a proposta de divertir o público. Vertidas para o português por Bruno Perillo, Let’s Misbehave (Cole Porter) foi transformada em Vamos Gozar, e Hallelujah (Jeff Bucley), vertida por Rachel Ripani, foi transformada em Aleluia. O repertório inclui também “Atrás da Porta” (Chico Buarque) e “O Meu Sangue Ferve por Você” (imortalizada na voz de Sidney Magal). Há espaço, ainda, para versões de Cláudio Botelho para Lorelai (Gershwin) e Cell Block Tango (Fred Ebb e John Kander).
Com direção de Helen Helene, direção musical de Pedro Paulo Bogossian e arranjos de Guilherme Terra, e luz de Guilherme Bonfanti, o espetáculo tem cenários e figurinos sensuais e elegantes, criados por Theodoro Cochrane e inspirados no universo burlesco.
Oficina
No sábado, dia 20, das 14 às 17 horas, será oferecida uma oficina gratuita ministrada por Sérvulo Augusto, músico e arranjador e pela atriz e cantora Paula Flaibann, voltada para atores iniciantes, que tenham algum interesse em canto, corpo, ou instrumento musical, além é claro do trabalho com texto e personagens. Com coordenação de Rachel Ripani, o principal objetivo é procurar enriquecer o conhecimento dos participantes de forma prática, usando também as habilidades individuais de cada um.
Esta oficina trabalha com os participantes de maneira a investigar as estruturas do chamado teatro musical, que aborda uma série de habilidades técnicas e conta com a criatividade e a participação ativa dos atores na execução de cenas e números musicais. Os interessados devem enviar um pequeno currículo e explicar o seu interesse em participar da Oficina para o e-mail: oficinacabaret@gmail.com. Os 12 primeiros inscritos participarão ativamente das aulas e dos exercícios práticos. O restante do grupo participará como ouvinte de todo o conteúdo.
Serviço: Cabaré Luxúria – Espetáculo musical de Rachel Ripani. Com Paula Flaibann, Rachel Ripani e Rubens Caribe. Direção Helen Helene. Direção musical: Pedro Paulo Bogossian. De 18 a 21 de abril na Caixa Cultural (R. Conselheiro Laurindo, 280 – Centro). Horários: de quinta a sábado, às 20 horas, e no domingo, às 19 horas. Informações: (41) 2118-5409. Ingressos: R$10 e R$5 (meia-entrada). Duração 70 min. Lotação: 125 lugares. Classificação etária: 16 anos.