© Watts Matthew
Aproveitar o tempo, se divertir: “Jollyfication” é como chamam na Jamaica. E é sobre o que o Jolly Boys (aka Jah-lly) se trata. Música alegre largamente inspirada na rica cultura musical do interior jamaicano. Seu som distinto é o resultado da síntese criativa do Roots. Talvez melhor descrito como “reggae acústico”, eletrificante sem ser eletrificado.
O que temos aqui é uma feliz mistura do velho e do novo. O repertório do Jolly Boys consiste desde versões novas de velhos sons de escavação – um jeito ritmado dos trabalhadores rurais cooperarem e coordenarem seus movimentos juntos – a deliciosas versões modernas de mento que rivalizam com o melhor calypso de Trinidad. Musicalmente, os Jolly Boys levam uma carga grande do Mento, um estilo próximo do calypso: enquanto o calypso se originou em Trinidad e espalho daquela parte para o resto do Caribe, o mento tem seu berço na Jamaica. Apesar de ter passado por várias transformações pelos anos, continua totalmente Jamaica. Adiciona um toque dos ritmos tradicionais Rastafari, uma dose de reggae e um pouquinho da pegada calypso à la Trinidad e você tem a musica dos Jolly – um maravilhoso repetório caribenho que agrada aos ouvidos e alegra a alma. Música irie.
Mas os Jolly Boys oferecem mais do que só boa música. Entre eles estão dois grandes compositores, Donald Davidson e Fitz Ramus, ambos com muito à dizer. Fitz escreve a música mais típica dos caribenhos, exemplificado pelo “Sarah” ou a “Fat Wife”. E num outro lado, Donald escreve música consciente, social e politicada, assim como os Roots produzidos na época. Testemunhe o comentário político em “thousands of Children”, o protesto implícito em “Crackdown” e a mensagem espiritual de Joy Bells.
Então, mesmo os Jolly Boys sendo em primeira estância artistas (tendo já tocado para diversos turistas americanos em clubes), é óbvio que eles tem um senso sócio-político surgido pós independência. Ouvintes então tem de dar atenção as letras e não só ao ritmo contagiante – pois os Jolly Boys falam o que pensam.
Nuff Said. Ouça este cd e aprecie a mistura especial do roots acústico dos pioneiros Jolly Boys, como dizem na Jamaica, “Mek we have some jollification”