Blog sai em férias sentindo-se um Chico Buarque

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© Jorge Bispo

Nesses tempos raivosos, minha caixa de e-mails tornou-se um local tão perigoso quanto as ruas do Leblon, onde Chico Buarque foi abalroado pela intolerância dias atrás. Antes, costumava passear gostosamente pelas mensagens. Hoje, tropeço em textos cujos autores não querem senão despachar-me com insultos para outro lugar. “Vai à…”

As opções são variadas. Com frequência, mandam-me à presença de uma mulher que, no exercício da profissão de prostituta, impossibilitada de saber com precisão quem é o pai de seus filhos, me deu à luz. Muitos me enviam também ao excremento. E eu pergunto aos meus botões: que excremento? onde fica?

Decidi sair em férias para tentar encontrar o tal excremento. Receio, porém, que ele esteja em local inacessível. Pensar dá trabalho. E não é opcional. Cérebro vazio é a vítima preferida dos discursos sectários. Por falha da Criação, a cabeça não possui válvula excretora. Assim, o excremento ideológico vai transformando as cabeças ocas em enormes fossas. Confirmando-se tais suspeitas, restará ao repórter ecoar Chico Buarque: Vão trabalhar, vagabundos!

Quanto ao blog, voltará à ativa em 15 dias, renovado para aturar tudo, inclusive a intolerância.

Blog do Josias

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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