BRASÍLIA – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, quer concorrer à Presidência de novo em 2018. Ele se lançou informalmente no sábado (30), quando abandonou o estilo picolé de chuchu e fez um duro ataque ao pré-candidato da situação.
“O Lula é o Partido dos Trabalhadores. O Lula é o retrato do PT, partido envolvido em corrupção, sem compromisso com as questões de natureza ética, sem limites”, acusou.
O tucano tenta surfar a onda da Lava Jato e se beneficiar das suspeitas que envolvem o possível adversário. É uma estratégia natural, mas vem em hora delicada. Enquanto Lula tenta explicar seus laços com empreiteiros, Alckmin enfrenta um escândalo graúdo em seu governo.
Há duas semanas, a Operação Alba Branca começou a desvendar um esquema de desvio de verba da merenda nas escolas paulistas. Um dos principais suspeitos é o tucano Duarte Nogueira, secretário estadual de Transportes, que se diz alvo de acusação “irresponsável e leviana”.
Outro personagem do caso batia ponto no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Luiz Roberto dos Santos, o Moita, era chefe de gabinete do tucano Edson Aparecido, chefe da Casa Civil de Alckmin. Fiel ao apelido, ele não apareceu para comentar as investigações.
O escândalo também envolve o deputado tucano Fernando Capez, presidente da Assembleia Legislativa. No ano passado, ele escreveu que a delação premiada era “um mal necessário” para “combater delitos graves”. Agora é acusado por dois delatores de receber propina da máfia da merenda. Capez, que ganhou fama como promotor rápido para acusar, nega ligação com o caso e diz ser vítima de “menção irresponsável”.
Na última quinta, Alckmin tentou empurrar o escândalo para o colo do governo federal. Com tantos aliados em apuros, ele deveria buscar um discurso mais convincente. É o que se espera de quem chama rivais de corruptos e sonha acordado com a Presidência da República.
Bernardo Mello Franco – Folha de São Paulo