Cultura. Incultura. Descultura. A primeira vem daquilo que você sabe que ainda sabe, mesmo já sabendo menos do que antes sabia; por si só, pode nem conter graça nenhuma. A segunda é quando alguém se confunde entre o que talvez saiba e o que certamente nunca soube; em geral não passam de gracinhas desgraçadas. A terceira surge sempre que se cria uma falsa segunda sem ostentar a primeira; pode ir da graçola óbvia ao gracejo sutil.
Por onde sigo agora:
Memórias Póstumas de Dom Casmurro. A mais famosa obra de Dyonélio Machado de Assis narra as lembranças de um corno recém falecido, que é cobrado por um leiteiro até no além.
Alice no País dos Bruzundangas. O genial Lima Carrol leva a velhinha Oligarquia pra bagunçar uma fazenda de criação de coelhos ao lado de uma fábrica de baralhos.
Como era verde o meu francês. Família de mineiros de carvão vem da Irlanda para o Brasil e aqui abre o primeiro restaurante para antropófagos numa aldeia indígena.
O Diário de Anne Frank Sinatra. Filha de crooner se esconde por dois anos na bateria anti-aérea de uma big-band formada por músicos nazistas.
Sangue sobre as neves de Kilimanjaro. Escritor fracassado e ferido, hóspede num iglu, prefere fazer sexo com um leopardo congelado que com a mulher do esquimó.
Michael Jackson do Pandeiro. Filho de nordestina inventa show em que masca chicletes e muda a cor da pele enquanto escorrega para trás em cascas de banana.
Jesse James Joyce. Bandoleiro mitológico usa legendas de cartazes de procura-se para contar a incompreensível odisséia de um lingüista de volta à casa.
Ray Charles Chaplin. Comediante cego célebre por usar uma bengala como microfone vira garoto-propaganda de famosa grife de óculos escuros.