‘Vou pedir asilo em Garanhuns’, ironiza Lula

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© Carlos Ezequiel Vannoni|Eleven|FolhaPress

O ex-presidente Lula fez críticas às investigações da Operação Lava Jato em sua passagem pelo Nordeste nesta sexta-feira (23). “O único ‘país’ do mundo para o qual eu pediria asilo seria Garanhuns”, disse o petista em referência à cidade em que nasceu, em Pernambuco, a 230 km de Recife.

Lula havia sido questionado, em entrevista à Rádio Jornal, de Pernambuco, se sairia do país caso tivesse a prisão decretada. O ex-presidente se tornou réu na Lava Jato nesta semana sob acusação de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Lula afirmou que defende o Ministério Público, mas que “toda instituição tem gente boa e gente ruim”. “Ninguém pode ser julgado com base em convicção”, disse. “Quando membros de instituições, como Ministério Público, Polícia Federal, Receita Federal, começam a exagerar, a democracia está em risco.”

“Quando a Polícia Federal foi lá em casa, foram levantar meu colchão como seu eu fosse um bandido”, disse Lula. O ex-presidente foi alvo de condução coercitiva em março deste ano. Ele foi levado para o aeroporto de Congonhas, em São Paulo, onde prestou depoimento à PF.

“Não sei aonde essa gente [da Lava Jato] quer chegar. Você pode fazer investigação sem quebrar as empresas”, disse. “É preciso saber quanto a Lava Jato está arrecadando e quanto eles estão dando de prejuízo ao crescimento desse país.”

Lula afirmou ainda que não está acima da lei, mas que não está tendo seu direito de defesa respeitado. “Hoje as pessoas não precisam mais ter um julgamento, as manchetes é que condenam”, disse o ex-presidente.

O petista também criticou o juiz Sergio Moro, que irá julgar a ação na qual é réu. “Moro tem uma teoria equivocada. Ele construiu, junto com a Globo e a imprensa, a ideia de que não é possível condenar ninguém se não tiver a imprensa em cima do cara todo dia”, afirmou.

Ainda sobre a mídia, Lula defendeu a regulamentação do setor e afirmou que “uma parte da imprensa virou partido político”. “Defendo a democracia, a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa. Mas não defendo a liberdade da mentira.”

GUIDO MANTEGA

O ex-presidente voltou a comentar a prisão do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e chamou a operação de “boca de urna” por ter ocorrido às vésperas das eleições municipais.

Na noite de quinta (22), em discurso no Recife, Lula classificou a ação como uma “devassa” contra o PT.

“Jamais imaginei assistir uma cena como a de ontem, em que a PF vai dentro do centro cirúrgico prender um cidadão que foi ministro da Fazenda desse país por oito anos”, disse.

“Da forma mais cruel levaram para prisão quando podiam ter intimado ele para prestar quantos depoimentos fossem”, completou. Ainda na quinta, Moro revogou a prisão preventiva devido à saúde da mulher de Mantega, que passava por cirurgia no momento da operação.

Lula afirmou ainda estar “ofendido pessoalmente” com a situação do país, referindo-se ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, que chamou de “golpe parlamentar”.

O petista encerrou nesta sexta uma agenda de comícios e passeatas de candidatos do PT no Nordeste. Desde quarta (21), ele passou por sete cidades Barbalha (CE), Crato (CE), Iguatu (CE), Fortaleza (CE), Natal (RN), Recife (PE) e Ipojuca (PE).

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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