Comenda & Encomenda

© Myskiciewicz

HOJE, dia de seu aniversário, o Paraná concede a Ordem do Pinheiro, em variados graus, menos o de Cavaleiro, a diversas personalidades que, de acordo com a lei que instituiu a graça, prestaram relevantes serviços ao Estado. Comenda rima com encomenda. Portanto, os comendadores que me perdoem se me pergunto o que fizeram para merecer a graça concedida por Beto Richa ao final de seu retumbante segundo mandato. Nosso governador faz comendadores com a mesma largueza e finalidade com que D. Pedro II fez barões no ocaso do império.

Comenda rima com encomenda. Não é só no caso desta, mas em todas as concessões de comendas há aquelas que saem piores que a encomenda. Entre os atuais comendadores há quem se saiu melhor que a encomenda. Gente que merece nome de praça com busto à prova de ladrão de rua; ou batismo de avenida, como o Presidente Kennedy (este, a troco de quê?). De exemplo o exemplo de homem, ora comendador no grau da Grã Cruz.  Falo de Miguel Krigsner, que reverte à comunidade empregos e impostos como também obras sociais. Espécie rara, raríssima entre nós.

No caso de Miguel Krigsner só tenho uma ressalva: o cerimonial do Iguaçu (alô, alô, secretário Ezequias Moreira, comendador de outra fornada): alguém se deu conta de que ele é judeu? Que cruz não combina com judeu? Comenda quando não vem de encomenda, sai pior que a encomenda.  Lembro as mais comuns, a cidadania honorária e de vulto benemérito. São concedidas num surto de entusiasmo, de bajulação ou até de falta do que fazer pelas autoridades concedentes, neste caso vereadores e deputados. Quantos casos de desgraça honorária, ou de graça com desonra têm levado à cassação desses títulos?

Antes que me acusem de despeito, inveja ou o que valha, informo que sou vulto benemérito do Paraná, por obra e graça do deputado Ney Leprevost – depois candidato a prefeito -, que a arrancou aos pares na Assembleia Legislativa. Entre eles Luís Cláudio Romanelli e Nelson Justus, com quem não embarco sequer em elevador lotado. Um dia recebo em casa o diploma. Eu, a torcida do Paraná Clube e os colegas da repartição. Reneguei de público, uma ofensa, vinda de onde veio. Não devolvi para economizar o correio. Já bastou o custo orçamentário para votar e mandar a bobagem aqui para casa. Rogério Distéfano

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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