© Antonio More|Gazeta do Povo
Governar é tão simples, tão elementar. E no entanto, tantos, a esmagadora maioria dos governantes erra, faz bobagem, pisa na bola. A esmagadora maioria, não a esmagadora minoria de que fazem parte Rafael Greca e João Dória, prefeitos de Curitiba e São Paulo. Vasculho a história do Brasil e só encontro um parâmetro para os dois: Washington Luís, o presidente derrubado na Revolução de Trinta. Ele resumia sua visão numa frase simples: “Governar é abrir estradas”. Não abriu tantas estradas quanto o Brasil precisava – e continua a precisar.
Greca e Dória são prefeitos faxineiros. Para eles, governar a cidade é limpar a cidade. Varrer ruas, com ou sem fantasia de gari, lavar ruas esguichando nos garis, cobrir de tinta grafitis e pichações, erradicar ervas daninhas das calçadas, deixar o centro nos trinques. E a periferia? Até agora não houve – como é a palavra da moda? – intervenção. Lavar as ruas é compromisso de amor com a cidade, disse o prefeito Greca, de novo a seduzir Curitiba, por quem se exalta em desvarios sensuais. Lavar é compromisso de amor. Amar é lavar – até parece Washington Luís.
Como o prefeito Greca já alcança neste blog a unanimidade de um apoiador, ingresso – hoje e só por hoje – na matilha do vira-lata que o defende com dentes e patas nesta. Meu aplauso pela declaração de amor, hígida e asseada. Aplauso por não se fantasiar de gari – “Não tem uniforme no meu tamanho”, disse o prefeito. Tem sim, Vossa Rafaelência, na Camisaria Varca, na rua da prefeitura. Só não imite João Dória no limite da velocidade das marginais. Tem muito marginal ao volante. Viria bem um chega-pra-lá no IPPUC na criação dos binários, que só ajudam os shoppings.