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BRASÍLIA – Michel Temer vai nomear três novos ministros. As escolhas devem mudar pouca coisa no governo, mas podem resolver alguns problemas na vida do presidente. Temer sofria forte cobrança para dar mais poder ao PSDB. Isso explica a indicação, protelada há quase dois meses, de Antonio Imbassahy para a Secretaria de Governo.
A pasta estava vaga desde dezembro, quando o peemedebista Geddel Vieira Lima caiu num escândalo de tráfico de influência. Ao entregá-la ao PSDB, o presidente aplaca a fome do partido e reforça os laços que o amarram à sua gestão impopular.
A segunda novidade também é tucana: a ex-desembargadora Luislinda Valois será ministra dos Direitos Humanos. Ela perdeu uma eleição para deputada pelo PSDB em 2014, mas foi escolhida por outro motivo. O governo quer parar de ser criticado pela ausência de mulheres negras no primeiro escalão.
Temer vai recriar uma pasta que ele mesmo extinguiu ao assumir o poder. A explicação para o recuo é a série de vexames na área de direitos humanos. O último foi protagonizado por Bruno Júlio, o ex-secretário da Juventude que defendeu “uma chacina por semana” nas cadeias.
Por último, Temer ressuscitou a Secretaria-Geral da Presidência para dar status de ministro a Moreira Franco, um de seus aliados mais próximos. Citado 34 vezes na delação da Odebrecht, o peemedebista voltará a contar com foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal.
A utilidade da blindagem é resumida numa frase famosa em Brasília: “Sem foro, é Moro”. O novo ministro diz não ter intenção de se proteger do juiz. “Isso nunca esteve entre as minhas preocupações”, afirma.
O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, não pode ser acusado de descumprir o que promete. Ao tomar posse, ele jurou “proteger a família”. Agora presenteou o filho, Marcelinho, com o cargo de secretário da Casa Civil.
Bernardo Mello Franco – Folha de São Paulo