Assim não dá, não tem jeito, a gente perde a ilusão. Bobagem, vivemos iludidos, nada importa o realismo e a experiência. Nada mais que vaidade, não há novidade sob o sol, diz lá na Bíblia. Duas ilusões que perdi neste mês. A primeira, que a carne podia ser consumida, queria por que queria não virar vegetariano, imposição do senso humanitário. Resultado, se minha carne era fraca, a outra era mais ainda, mesmo parecendo forte. Hoje sou escravo da alface, do brócolis, da acelga, do agrião, menos do chuchu, que aí não tem jeito. 

Outra ilusão perdida, as mulheres. Perdão, nem todas, valha-me Eros, só as da política. Aplaudi e apoiei o sistema de cotas para mulheres na política. De experiência própria dependo delas até hoje, nunca me falharam. Tem que aumentar o percentual de mulheres nas candidaturas, pensava eu. Agora começo a rever a devoção cega e a confiança irrestrita. Com as mulheres na política aconteceu-me o mesmo que com a carne: perdi a confiança em umas e noutra. Culpa da Friboi. Mas também tem PT e Odebrecht no meio.

Detenho-me nas senadoras. Devotava verdadeira veneração, tingida por algum imaginário erótico, tenho que admitir, por uma senadora petista. Bonita, com pés bem fincados na herança eslava, combativa, eficiente. E muito, muito sensual no narizinho petulante. Então ela desmoronou meu mundo. Poupo detalhes, todos conhecem. Um só me bastou para matar não só as ilusões como eventuais aspirações: aquele da briga com namorado, de rasgar-lhe a camisa e lanhar-lhe o rosto com unhas de fêmea ferida. Inveja minha? Talvez.

Da outra confesso que não gostava, mas nela reconhecia habilidades, tanto as de política quanto as de mulher. Começou no programa sobre sexo na TV Globo, que nada me esclarecia e muito me instigava. Inspirava-me certa empatia por ser casada com o senador chato, incômodo, falso bocó. Prefeita, deputada, senadora, ministra, brigou com Dilma, trocou duas vezes de marido, ficou frustrada e amargurada.  Agora somos informados de que levava R$ 200 mil ao mês da Friboi. Paciência, se Toni errou, também erramos.

Rogério Distéfano

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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