Por um lado, a veemência não faz parte do argumento. Por outro, a ignorância faz. De um lado, o tirocínio com ideias; de outro, o morticínio delas. Lado a lado, as figuras de linguagem e a linguagem das figuraças. E ladeando tudo, informações desenformadas. Ou desinformações enfurnadas, sei lá. Afira o que fere o ouvido, confira o que difere do entreouvido, afora o que interfere no duvido. São minhas figuras de estrilo.
– Hipérbole não é uma parábola descomunal.
– Ilação não é exclusividade entre associados.
– Cacófatos não são estilhaços factuais.
– Metonímia não é uma ignomínia invertida.
– Paronomásia não é a amante do Padre Quevedo.
– Alegoria não é irritação cutânea simbólica.
– Catacrese não é procurar crise na crase.
– Sinédoque não é um cinema num cais.
Onomatopeia não é a prosopopeia da centopeia.
– Sinestesia não é a dormência do pensamento.
– Antítese não é o oposto da vida acadêmica.
– Perífrase não é um atalho entre dois sentidos.
– Gradação não é pôr barras de ferro na ênfase.
– Disfemismo não é o avesso do machismo.
– Apóstrofe não é um poeta na Santa Ceia.
– Elipse não é tapar o sol com um clip.
– Assíndeto não assina, não assinala, não sinaliza.
– Hipérbato não é estalar a língua no céu da boca.
– Anacoluto não é a incompreensão da morte.
– Anáfora não é uma moringa grega.
– Anadiplose não é lipoaspiração no texto.
– Decoe não é um infarto do diácono.
– Epístrofe não é uma missiva rimada.
– Assonância não é afonia em vale de eco.
– Aliteração não é alteração entre literatos.
– Silepse não é a sinopse de uma sinapse.
– Raciocinar não é racionar um pouco além
– Tergiversar não é regurgitar um poema.
Etc.