H. Stern delata mais R$ 4 mi em joias compradas com propina por Cabral

O Ministério Público Federal prepara uma nova denúncia contra o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) e a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo sob acusação de compra de joias com uso de propina obtida por meio de obras do Estado.

A nova acusação terá como base a delação premiada da H. Stern, que listou 41 itens adquiridos pelo casal desde 2009. São 30 peças –ou cerca de R$ 4 milhões– a mais do que era sabido no início das investigações.

As denúncias já apresentadas listam 66 peças que somam R$ 6,9 milhões. A maior parte dessas joias descritas nos processos foram adquiridas na Antônio Bernardo (55), que relatou as compras feitas pelo casal às autoridades no início das investigações.

Contudo, a colaboração premiada da H. Stern ampliou a lista desta joalheria de 11 para 41 peças. Ela descreve a aquisição de três joias com valor superior a R$ 1 milhão.

Uma delas, um par de brincos de ouro branco 18 quilates com brilhante solitário no valor de R$ 1,2 milhão, foi trocada por Ancelmo por outra ainda mais valiosa, de R$ 1,8 milhão. A diferença (R$ 600 mil) foi paga em dinheiro, de acordo com a empresa.

Além de ampliar o valor atribuído ao casal de compras de joias de forma irregular, a nova denúncia tem como objetivo detalhar o mecanismo de ocultação de dinheiro sujo e lavagem por meio do setor joalheiro.

A apuração contra Cabral revelou que duas joalherias com boa reputação no mercado mantinham um controle paralelo de venda de peças, sem a emissão de notas fiscais. Elas também burlaram a regulamentação do setor, que exige comunicação ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) de toda transação acima de R$ 10 mil.

No caso de Cabral e Ancelmo, o relato das joalherias inclui um agravante considerado suspeito. As parcelas eram quitadas com dinheiro vivo na maioria dos casos, segundo as investigações.

“Ele [Cabral] deixava claro que queria que ficasse sem identificação [nota fiscal], que fosse uma coisa mais discreta”, disse Maria Luiza Trotta, diretora comercial da H. Stern.

Joias são usadas para lavagem de dinheiro por ter a capacidade de transformar pilhas de dinheiro num objeto pequeno e valioso, fácil de ser escondido. A Folha revelou no mês passado que as joias mais caras atribuídas ao casal não foram encontradas durante o cumprimento dos dois mandados de busca e apreensão no apartamento deles.

Outras pessoas que integravam o cadastro paralelo da H. Stern estão sob investigação.

OUTRO LADO

Os advogados de Adriana Ancelmo afirmam que ela não adquiriu de forma irregular nenhuma joia.

“Representantes da H. Stern mentem e colocam na conta de Adriana joias jamais adquiridas por ela”, disse o advogado Alexandre Lopes.

Em depoimento à Justiça Federal, a ex-primeira-dama do Rio de Janeiro negou ter comprado joias de valor alto, acima de R$ 1 milhão, como descrito pela joalheria.

Procurada, a defesa de Cabral afirmou que só vai se pronunciar no curso do processo. Folha de São Paulo

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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