OS NORTE-AMERICANOS vivem a paranoia antiterrorista. Do terrorismo de fora, real ou imaginado. Não o interno, real, permanente, histórico. Como os constantes atentados em escolas, cometidos por nacionais, assegurados pela liberdade de venda e porte de armas. No entanto, isso lá não é dado como terrorismo; o uso de armas é garantia constitucional.
Em tempos de atentados, como o recente em Barcelona – e os da França e Alemanha, também próximos – surge a fobia contra os árabes, nascida no ataque às Torres Gêmeas, no 11 de setembro de 2002. Bastou alguém ser árabe, ou não sendo, com origem árabe, ou nome árabe, que o governo americano fica alerta. Deve existir um algoritmo que captura pelo nome.
Conheço o rapaz, nascido nos EUA, nacional de lá, criado no Brasil, que entrou no país, onde permanece a trabalho. Casou com brasileira, descendente de árabes. A mulher não recebeu visto de entrada; o casamento acabou na lua-de-mel. Nesta semana, Hussein Kalout, secretário de assuntos estratégicos do presidente Michel Temer passou por um escracho desses.
Hussein iria participar de solenidades nos EUA. Viajava com passaporte diplomático – o azul, que dá privilégios, e que os conectados no Brasil ganham, mesmo sem direito. Passou pela vistoria de saída: bagagem e conteúdo dos bolsos na bandeja dos raios x, do cinto aos sapatos, o corpo varejado por aparelhos eletrônicos. Foi poupado ao exame retal.
Na porta do avião, nova revista, a ele apenas, recusada por Hussein, que desembarcou. Estrago feito, desculpas posteriores da diplomacia dos EUA. Culpa do nome árabe. Fosse por pertencer ao governo Mechel Michel Temer Lulia, faria algum sentido. Não pela origem árabe do chefe, mas pela origem de seu governo, que comete atentados contra o Brasil. Aqui dentro, ainda que sem mortos.