Mônica Bergamo – Folha de São Paulo
O clima entre os delatores da J&F é de desconfiança. Joesley Batista e seu irmão, Wesley, acreditam que o executivo Ricardo Saud pode traí-los caso a negociação com o Ministério Público Federal para preservar benefícios que obtiveram no acordo de delação premiada naufrague.
POR DENTRO
Há um temor de que Saud dê informações detalhadas ao MPF sobre as discussões internas que envolveram a colaboração do grupo.
DE LONGE
A desconfiança é antiga. Em seu depoimento à PGR (Procuradoria-Geral da República), o advogado da J&F, Francisco de Assis, relata que desde fevereiro, quando a possibilidade de colaborar com a Justiça começou a ser discutida na empresa, suspeitou que Saud “estava pronto para delatar o Joesley”. Assis alertou o chefe.
NA MESMA HORA
A impressão surgiu porque, assim que começaram a falar sobre delação, Saud “já trouxe tudo pronto (…) toda a documentação, inclusive com bilhetes”, diz Assis.
LÍNGUA SOLTA
Executivo de confiança de Joesley, Saud teve desentendimentos na J&F e chegou a se afastar por um período da empresa. Ele costumava falar mal do chefe inclusive com pessoas que depois chegou a delatar.
CIRURGIA
O ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva foi operado na quarta (13) de um câncer de pele, no hospital da Marinha no Rio de Janeiro. Aos 78 anos e condenado a 43 anos de prisão, o vice-almirante, considerado o pai do programa nuclear brasileiro, está detido em uma unidade militar desde julho de 2015. Em janeiro, ele tentou o suicídio.
FILA DE ESPERA
Os advogados do vice-almirante apresentaram um habeas corpus ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) há cinco meses mas ele até hoje não foi julgado.