Em busca de Anitta

Ruy Castro – Folha de São Paulo

Anitta, a cantora, levantou 2,4 milhões de pessoas em Copacabana no Réveillon. Dias antes, a revista americana “Billboard”, que prende e manda prender em matéria de música popular, situou-a em décimo lugar, à frente de Beyoncé, Justin Bieber e Lady Gaga, entre os 50 artistas mais influentes do mundo neste momento. E fontes confiáveis me informam que um TCC (trabalho de conclusão de curso) numa universidade carioca, tendo Anitta como tema, acaba de ganhar unânimes 10 da banca examinadora.

Tudo isso para dizer que, se o grande sucesso de Anitta, “Vai malandra”, já tinha espantosos 64 milhões de visualizações no YouTube antes do Réveillon, conquistou a sua 64.000.001ª outro dia. Foi quando criei coragem e saí em busca de Anitta na internet —para ver como era, afinal, a música que estava arrebatando o mundo e só eu nunca tinha escutado, visto ou cheirado.

Não me leve a mal, nem me ache esnobe. Hoje em dia é possível a uma pessoa passar incólume por um fenômeno musical. Pelo menos, a uma pessoa como eu —não frequento redes sociais, vejo pouca TV e só escuto rádios de notícias. Como fico longe da praia em dia de show e não há mais lojas de discos tocando os sucessos do momento, não tenho como ficar ao alcance do que acaba de sair.

No passado era pior ainda. Só fiquei sabendo da existência dos Mamonas Assassinas, por exemplo, quando houve a tragédia com o avião deles. Estava também há 20 anos sem ouvir a voz de Roberto Carlos em qualquer mídia quando esse providencial jejum foi quebrado por um comercial de bifes em que ele aparecia. E juro que, até hoje, ainda não tive a felicidade de escutar “Despacito”.

Ah, sim, Anitta. Pois, finalmente, ouvi “Vai Malandra” —e gostei. Mais dela do que da música. Espero estar mais ligado quando ela gravar seu segundo disco.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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