Rogério Distéfano – O Insulto Diário
DAVA PENA ver nesta manhã, aqui na rua Fernando Amaro, os dois prédios residenciais com as garagens completamente alagadas, a água podendo chegar à altura da capota dos carros. Podendo chegar porque não é a primeira nem a segunda vez que acontece.
Crônica prevista e anunciada, os moradores tiraram seus carros quando a tempestade começou. Hoje estavam lá os serviços de sucção da água e de limpeza das garagens. Jogar a culpa no prefeito por causa dos bueiros e canais de escoamento entupidos?
Não, muito fácil, escapismo. Tem a nossa e decisiva responsabilidade. São as bitucas de cigarro, as garrafas e sacolas plásticas, papeis em geral, até os saquinhos de cocô de cachorro lançados na rua. A rua, para os brasileiros, é terra de ninguém.
Vem a chuva forte, com ela a enxurrada, e o escoamento não suporta. O antropólogo Claude Lévy-Strauss, que entendia do homem e da sociedade, nos avisou faz tempo que “o mundo começou sem o homem e acabará sem ele”.