Quando vem a taciturna e quebra os canos, a casa fica sem água; a taciturna destroça rosais, canteiros de gérberas e a Casa do esquecimento, onde a taciturna vive, exala um bolor verde-mofo.
Para ele a taciturna verte a lágrima no escorpião; a taciturna sopra na pele; para ele ela enche os copos de sol; para ele ela murmura as sombras do amor.
Ele, da varanda da Casa do esquecimento, atira flechas em qualquer um: quem passa à frente da farmácia, flecha no ombro; quem sai da igreja dos Beneditinos, flecha na testa; quem entra no cartório, flecha nas costas; quem sai da lotérica, flecha no pé.
- Ela: olho no olho, no frio, presos nas profundezas, somem de si para sempre.
- Ele:
- – Escuto, o machado floresceu.
- Ela:
- – Escuto, o local não é nomeável.
- Ele:
- – Escuto, a chuva que a tudo observa cura o enforcado.
- Ela:
- – Escuto, falam da vida como único refúgio.