Rogério Distéfano – O Insulto Diário
Os pudicos que perdoem, mas Insulto é insulto. A greve dos caminhoneiros lembra a fábula sobre a disputa entre o cérebro, o coração, o pulmão, o estômago e o ânus sobre qual deles seria o órgão mais importante do corpo.
Ninguém dava aparte ao ânus, “você é esgoto, está lá embaixo, fica quieto no seu canto”. Na fábula, como em todas as fábulas, animais e coisas falam e o ânus tem canto.
O cerebro a se vangloriar de comandar tudo, lá de cima, o coração, essencial à lubrificação, o pulmão batia no peito, fornecia o oxigênio, a bateria do corpo, o estômago funcionando como o posto de abastecimento, sem ele tudo parava por falta de energia.
Furioso com tanta repressão, o ânus travou, três dias bastaram. O cérebro quase explodiu de dor de cabeça, faltou ar ao pulmão, o coração disparou nas palpitações e o estômago entupiu, nada entrava e menos ainda saía.
Assustados, diante do iminente colapso, cérebro, coração, pulmão e estômago admitiram: o ânus era o rei dos órgãos. Nem precisou o supositório da intervenção militar. A propósito, quem comanda o Brasil? Ora, é o ânus.