Janelas  –  Janela de transferência no futebol é o prazo para o jogador mudar de time. Janela de transferência na política é o prazo para o político mudar de quadrilha, perdão, de partido.

Álvaro, inédito, sempre publicado  –  Se ele não puder, falta de tempo, agenda entupida, um dos dezenas de assessores podia recolher as metáforas caipiras do senador Álvaro Dias. Como a da semana sobre os aliados de Geraldo Alckmin: “chupins da república”. Há mais de trinta anos ouvi no comício de sua primeira campanha para o Senado: “O MDB apanha mais que cachorro de índio”.

Uma antologia das frases de Álvaro não faria dele presidente ainda no século XXI – que o Dorian Gray pé-vermelho seguramente fechará no Senado. Mas entraria na literatura na companhia de Cornélio Pires, nosso clássico narrador de ‘causos’. Álvaro faz falta na bancada de Rolando Boldrin. Com a vantagem de falar por dois, ele mais o ventríloquo.

Poliamor, politraição  –  Se o Brasil brilhou na Copa com o cai-cai de Neymar, na eleição para presidente vai brilhar com o adultério, os partidos traindo seus candidatos – menos Lula e PT, casados sob cláusula pétrea. O mais traído será o candidato do poliamor, do casamento poliafetivo: Geraldo Alckmin.

Versos multiuso  –  Surgiu o mote “Ciro guerreiro do povo brasileiro”. Apropriação indébita. O mote é de Lula, não pela veracidade, mas pela originariedade – surgiu com Lula e é usado por seus devotos. Tanta coisa pode ser criada, tipo “Ciro Gomes, não dorme com homens”, para aproveitar sua informação, em outra campanha, sobre a função da primeira-dama Patrícia Pillar.

Não me arvoro em marqueteiro, mas o desnível militar entre Ciro e Bolsonaro ajuda: “Entre a patente do capitão e a do coronel, a de Ciro é mais quente”. Esta ganharia o eleitorado gaúcho, que nutre saudades de Dilma. Tudo, menos o mote de Lula, ainda que seja agrado para ganhar apoio do Messias de Garanhuns lá no fim do segundo turno.

Critico, mas não pratico. Desde a sexta-série uso os versos de um querido colega do ginásio adventista, o hoje pastor Oséas Wichert, para conquistar as mulheres: “Por ela eu suportaria/O cansaço, a sede, a fome/Até milagre faria/… é seu nome”. Versos multiuso, ali onde estão os pontinhos a gente preenche com a paixão da ocasião. (Saverio Marrone)

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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