Nesta eleição já vimos que o mimimi da esquerda contaminou todo mundo. Até os fanáticos bolsonaristas andam derramando lágrimas fingidas com jornalistas do mal que fazem dodói em seu candidato. Mas certas perguntas são inevitáveis e ninguém está sendo poupado. Bolsonaristas reclamam do tratamento dado a Jair Bolsonaro no programa de entrevistas da Globo News, mas assistindo aos programas com os outros candidatos será possível conferir que Geraldo Alckmin teve tratamento parecido ao de Bolsonaro. Na minha visão, o ex-governador foi questionado até com mais dureza.
Vale lembrar também os apuros de Manuela D’Ávila, a pré-candidata do PCdoB que foi pro vinagre. No Roda Viva ela teve que explicar até o afeto de seu partido com seu querido bisavô político, Josef Stálin. A candidata que lutava como uma garota já começou seu chororô no próprio programa e depois derramou um mar de lágrimas parecido ao dos bolsonaristas. A surpresa foi ver depois os bolsonaristas fazerem o mesmo, eles, que como todo mundo sabe, lutam como machos.
O jogo é este. E o jornalismo vai fazendo seu serviço. Ainda bem que temos agora este rigor com os políticos, pelo menos em programas de entrevistas em período eleitoral. No geral, há bastante tempo que a classe política vem sendo absurdamente poupada pela imprensa, o que facilitou inclusive a roubalheira e a imensa incompetência que nos levou ao buraco.
Mas os fãs deste ou daquele candidato que se preparem. Agora vai começar o aperto dos jornalistas aos vices, com um efeito imediato na imagem dos titulares da chapa. Resposta de vice é mais difícil, já que ele fala por dois. Sempre existiu no país aquela conversa de que o vice não importa, mas o argumento caiu de vez com a arrumação que se deu com a queda de Dilma e a subida ao poder do vice Michel Temer. Pode ser que o eleitor tenha acordado de vez ao fato de seu voto eleger a chapa completa. A certeza é que o vice está em pauta.
Hoje a Folha de S. Paulo tentou travar o primeiro vice e este teve que resolver o questionamento livrando também seu lado. Saiu-se razoavelmente bem, mas o mais importante é que para mim parece que nasceu um método seguro do vice não arruinar sua carreira na cola de comprometimentos perigosos dos titulares. A entrevista foi com a senadora Ana Amélia, vice de Geraldo Alckmin, para quem a Folha apontou as investigações em São Paulo devido a obras e doações eleitorais e perguntou se ela “põe a mão no fogo pelo ex-governador”.
Ana Amélia respondeu o seguinte: “Ponho. Pus a mão no fogo pelo Aécio até que tomei conhecimento daquela barbaridade que ele fez. O que fiz? Usei a régua moral. Votei pelo afastamento dele. Hoje, ponho a mão no fogo [por Alckmin], mas na hora em que me der — e não me dará — motivo para desacreditá-lo, farei o mesmo”. É aí que entra o método de que falei. A relação do vice com o titular tem que ser assim: uma mão no fogo, outra na frigideira.