A “trama diabólica” que o ex-governador Beto Richa alega ter sido montada para derrotá-lo, e à família, pode ser localizada nas investigações da força-tarefa da Lava Jato. Mas só que é ao contrário: a família Richa foi quem tomou atitudes para lucrar com a cobrança do pedágio, o maior assalto que já se praticou contra o bolso dos paranaenses e que já dura 21 anos.
Segundo os investigadores da Lava Jato, em informações divulgadas pela Gazeta do Povo, a família Richa, através de uma empresa designada como BFMAR – e aí se concluiu que o nome constitui as iniciais de Beto, Fernanda, Marcello, André e Rodrigo – formou-se uma outra empresa chamada de Ocaporã Administradora de Bens que, por sua vez, associou-se à Tucumann para constituir a HP Administração de Bens, e a Tucumann foi apresentada pelo governo Richa para se vincular à Odebrecht no consórcio vencedor da licitação para construir a Pr 323, a maior obra da gestão.
A Tucumann pertence ao empresário José Maria Muller, que tem participação na Concessionária Caminhos do Paraná, que opera no Lote 4 do Anel de Integração (BR 277 – Guarapuava, Lapa e Araucária), desde 1997. A sociedade entre os Richa e a Tucumann só durou até outubro, quando as investigações da Lava Jato chegaram no projeto da PR-323.
Mas, apesar do cronograma intricado, deixa explícito a presença da família do ex-governador na exploração da que seria a maior obra do Governo. E a “trama diabólica” mostra justamente os interesses familiares no futuro da rodovia, que seria explorada por concessão pela Odebrecht e pelos integrantes do consórcio por pelo menos mais 30 anos.
A cada nova divulgação das delações premiadas feitas pela Operação “Piloto”, nome dado pelos investigadores numa referência ao hobby automobilístico de Beto Richa, os paranaenses vão conhecendo a ousadia que tomou conta do grupo que comandou o Palácio Iguaçu nos últimos sete anos. Até mesmo a associação com uma concessionária do pedágio.