Votar “Nele Sim” e aplacar a culpa

Os que lutaram contra a ditadura, os democratas de raiz, os que foram às ruas pelos direitos humanos, as feministas de ontem e de hoje e muita gente boa e brasileira estão optando pelo capitão Jair Bolsonaro. Não sem sofrer, lógico. Mas como qualquer cônjuge que pula a cerca de vez em quando, e jura amar o titular com todas as forças desta vida, cada um a seu modo, precisa aplacar a culpa.

As justificativas são tão infinitas e tão variadas (o PT roubou não vale, por óbvio demais), quanto surpreendentes. Eis algumas apenas, e podem ser usadas à vontade:
1) Bolsonaro conjuga mal os verbos. Como Lula. É bom sinal
2) Ele tem filho deputado e filha pequena. Igualzinho ao Zé Dirceu
3) Já foi militar e os ex-colegas o acham doido demais. É o próprio Capitão Lamarca
4) Quer privatizar tudo. Imita o FHC
5) É truculento e se comunica só pelas redes. Tal qual o Requião
6) Desperta fanatismo e lidera seguidores. Muito parecido com Fidel Castro
7) Desmente o futuro ministro da Fazenda. Olha a Dilma aí, gente!
8) Promete mais Minha Casa minha Vida. O Haddad também
9) É carioca e magro. Como o Gabeira.
10) Quer metralhar os companheiros petistas. E quem nunca?
Então? Já escolheu sua justificativa e aplacou a culpa? Agora é só votar.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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