Falta um Lutero – Depois do governo Bolsonaro não dá outra: é PT na presidência. Dúvida, só uma: qual PT, o pentecostal e universal do reino de Lula ou o internacional da graça de Haddad? A reforma protestante do partido. Lutero que é bom, nada.

Apoio crítico é críticaOs petistas continuam teimosos, cabeças-duras, recusam-se a entender o elementar do elementar. Detonaram Ciro Gomes na campanha, fizeram-se como sempre autossuficientes. Ciro perdeu e Haddad só será salvo por um milagre – difícil, porque o Santo está preso.

Com a subida de Bolsonaro, o politburo do PT correu atrás de Ciro, que garantiu apenas seu “apoio crítico”. Ciro não disse quando nem como daria o apoio crítico. Viajou à Europa, volta no dia da eleição, porém mandou Cid, o irmão eleito senador, em seu lugar.

Desbocado e esquentado como o irmão, Cid foi a evento do PT e disse que Haddad merece perder, que o partido tirou partido de nós, abusou, chamando a todos de babacas. Engendrou uma rima: “o PT merece perder” (que fica mais rica recitada em cearês, a língua do Ceará).

Apoio crítico tem que ter crítica ou não é uma coisa nem outra, uma contradição nos termos. O politburo não entendeu ou faltou alguém para desenhar o significado. Esperar o quê de Cid, o ministro que chamou o presidente da câmara de corrupto em plena sessão da casa?

Camisa listrada – Roberto Requião, ainda senador, tirou da secadora o lote de camisas listradas e vai sair por aí em campanha para Fernando Haddad. Só tem o problema da camisa listrada, item vetado no vestuário dos gordos porque ressalta o peso excessivo: as listras se expandem, fazem a moldura da banha, que ginga entre elas.

Mas quem vai meter o guizo no gato, ágil e esbelto até o primeiro mandato, quarenta anos atrás? Requião podia pegar mais isso com Jaime Lerner, gordo que se disfarça na roupa preta, cor sólida, sem listras. O que é mais uma apropriação para quem assumiu o governo e na hora rebatizou o Museu do Olho como obra sua?

Incompatibilidade de gênios – Sempre votei nulo. Sempre, mesmo quando disputei para orador das debutantes. No ocaso da existência, estou entre a cruz e a caldeirinha, a família exige que vote no candidato dela.

Dela? Não, delas, a mulher e a filha, que já envolveram a neta. As duas, burguesas da esquerda Vuitton, querem porque querem meu voto no Andrade. Nada de nulo ou de mulo. Uma diz que me põe para dormir no escritório, outra, que esconde a netinha. Vou ao juiz eleitoral ou à vara de família? (Saverio Marrone)

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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