O desespero no velho de guerra

© João Carlos Frigério

Do Analista dos Planaltos – O quase ex-senador Roberto Requião desejava permanecer no comando do MDB do Paraná como presidente. O objetivo seria garantir empregos para os apaniguados, os que perderão as boquinhas no gabinete do senado, e continuar controlando as polpudas verbas dos fundos partidários e eleitoral.

Para se garantir, mandou fazer uma pesquisa interna, mas o resultado foi decepcionante para ele: 90% dos filiados e dirigentes regionais querem renovação – e Requião fora da presidência do velho de guerra. O motivo todos sabem: perda de deputados federais e vereadores , nenhum prefeito eleito em municípios grandes (e raros em médios) e ainda a quase extinção da bancada estadual, onde só sobraram o deputado Anibelinho e Requião Filho, que teve toda a força e os recursos do partido direcionados para ele.

Quando Requião percebeu a recente movimentação dos prefeitos do MDB para apeá-lo, correu convocando eleições, apesar de o mandato ter sido prorrogado para abril quando o pleito deveria ocorrer. Quer o processo agora , já em dezembro, em cima da hora, com os delegados por ele indicados como representantes provisórios dos municípios e sem campanhas nem debates ou discussões.

Uma eleição manipulada e sem democracia com muitos diretórios por ele destituídos e outros com votos de cabresto de pessoas indicadas e sem legitimidade . Os prefeitos e vereadores que se reuniram em Curitiba temem que Requião liquide de vez o partido e acabe com as chances dos candidatos nos municípios nas eleições de 2020, como ocorreu nas eleições estaduais onde o senador ficou em quarto lugar em Curitiba, cidade onde foi prefeito, deputado e três vezes eleito Governador. Ameaçam sair do partido se Requião continuar.

Já surgiram candidaturas alternativas e mais modernas como as dos deputados Sérgio Souza, em oposição ao velho cacique, e João Arruda pela situação. Talvez surja outra que concilie as alas em divergência. Quando faltam mandatos, o velho casarão da Avenida Vicente Machado é sempre uma alternativa para sacar passagens aéreas, viagens, contratar apaniguados, pagar advogados e usufruir das verbas dos fundos para campanhas eleitorais à vontade – e sem transparência, como ocorreu nos últimos anos.

Não será de estranhar que a manipulação do pleito acabe na Justiça, para desarmar o jogo marcado, restabelecendo a ordem natural: primeiro as eleições dos diretórios municipais e depois a do estadual.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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