Crítica à reforma constitucional de Chávez se avoluma. Partido que integrava base chavista e procurador-geral, ligado ao governo, atacam texto; Igreja Católica volta a condenar projeto.

DE CARACAS. O projeto de reforma constitucional impulsionado pelo presidente Hugo Chávez chegou ao fim desta semana sob uma crescente onda de críticas de diversos setores, inclusive ligados ao chavismo. A maior surpresa veio do procurador-geral da República, Isaías Rodríguez, ex-vice-presidente de Chávez. Em nota ontem, ele classificou como “inconstitucional” a proposta de supressão do direito ao devido processo legal em caso de estado de exceção: “É um direito absoluto que não deve ser restringido nem mesmo nos estados de exceção”, disse Rodríguez, que costuma respaldar as decisões de Chávez.

A modificação do artigo 337 é o mais controvertido dos 28 artigos recém-incluídos na reforma constitucional pela bancada chavista na Assembléia Nacional. A proposta retira da Constituição tanto o direito ao devido processo quanto à liberdade de expressão caso o governo decrete estado de exceção. Além da oposição mais tradicional, a rejeição à modificação inclui ainda dois pequenos partidos da base governista, a ONG internacional Human Rights Watch e até os Periodistas por la Verdad, entidade de jornalistas pró-Chávez que defendeu o fim da concessão à emissora oposicionista RCTV.

Ontem, em ato inédito, algumas dezenas de militantes do partido Podemos, recém-rompido com Chávez, realizaram uma manifestação diante do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) para exigir o adiamento por seis meses do referendo sobre a reforma constitucional, que provavelmente será realizado em 2 de dezembro. “Votamos por Chávez em dezembro para resolver problemas fundamentais, e não para fazer uma reforma constitucional que não tem apelo popular”, disse à Folha Carlos Moreno, secretário-geral do partido no Estado de Anzoátegui.

O partido acusou o governo de tentar impedir o protesto por meio de bloqueios nas estradas de acesso a Caracas. Segundo a agremiação, vários ônibus não conseguiram chegar à capital. Já a Conferência Episcopal Venezuelana emitiu ontem um novo comunicado contra a reforma: “A Constituição deve expressar o acordo de todos os setores, correntes e ideologias, não pode ser a consagração das idéias ou propósitos políticos de um determinado grupo”. (FM)Enviado por Iara Teixeira.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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