A demissão do mestre Luiz Geraldo Mazza da rádio CBN Curitiba, onde era comentarista desde 1995, é mais uma prova de que os novos tempos são de imbecilidade e de arrogância – que não escondem a burrice.
O jornalista de 88 anos e quase 70 de profissão sempre foi um sábio que, na província, nunca se curvou aos que se acham poderosos por conta de cargos e fortuna. Memória viva da história política do Paraná, ferino na medida exata dos que têm conhecimento, sabem questionar e desnudam os enganadores, Mazza sempre foi um farol a orientar com sabedoria quem quis seguir os passos de um jornalismo crítico e longe da bajulação que é comum por aqui. Demitir alguém assim á assinar atestado de incompetência, é virar as costas para os ouvintes que procuram informação e análise correta dos fatos dentro de um contexto histórico. Isso sem dizer que fica no ar a suspeita de outro motivo para tal barbaridade: o servilismo com fins nada nobres.
Segue a nota do Sindicato dos Jornalistas do Estado do Paraná a respeito da demissão:
Nota de Solidariedade
Prestes a fazer 88 anos, sendo 68 deles dedicados à profissão que escolheu, o jornalista Luiz Geraldo Mazza foi demitido nessa semana da CBN Curitiba. Ele era desde 1995 o principal comentarista da emissora. Tem, inclusive, uma sala que leva seu nome na sede da rádio.
Mazza foi comunicado da decisão na última quarta-feira (16), pelo diretor do núcleo de rádios do Grupo J.Malucelli, Nilson Rosa. No dia seguinte, deixou os microfones e o estúdio, para surpresa e decepção dos colegas.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR) não conseguiu contato com o executivo nessa sexta-feira (18), para questioná-lo sobre quais seriam as justificativas do desligamento.
Referência para diferentes gerações de repórteres, produtores e editores, o homem de sobrancelhas avantajadas, voz marcante e sorriso farto é considerado por muitos “a memória viva do Jornalismo e da política paranaense”.
Mazza é membro da Academia Paranaense de Letras e assina uma coluna diária no jornal Folha de Londrina, onde começou a escrever em 1970, em plena Ditadura Militar. Ele e o saudoso Edésio Passos que lideraram a primeira e mais emblemática greve da categoria no Paraná, em 1963. Os três dias de paralisação resultaram num reajuste salarial de 75%, além de cláusulas importantes para a convenção coletiva.
O SindijorPR manifesta sua solidariedade ao jornalista, a seus familiares, amigos, colegas e ouvintes. Vida longa ao Mazza e a todos aqueles que verdadeiramente reconhecem a importância de sua trajetória.