“Fabrício Queiroz não é problema do governo. É assunto entre pai e filho” – Hamilton Mourão, o vice e presidente interino, sobre a traficância de dinheiro do assessor de Flávio Bolsonaro na assembléia legislativa do Rio – que respingou no presidente e na primeira-dama.
A menos que o governo Bolsonaro tenha restabelecido a monarquia no Brasil – há certos indícios na relação do presidente com seus filhos – definitivamente não é assunto entre pai e filho. O pai é presidente da República, o filho foi deputado e é senador.
A maracutaia ocorreu no gabinete do filho deputado, pelo assessor cujos limites e autonomia são desconhecidos – embora a prática repetida nos legislativos indique que tal autonomia é inexistente: tudo se faz sob controle e permissão do parlamentar e chefe.
Dinheiro do assessor caiu na conta da hoje primeira-dama. O assessor tinha relacionamento com o presidente. Ao atenuar e relativizar o problema, que é grave e atinge tanto os valores republicanos como os apregoados na campanha do presidente, o vice revela tosca manipulação dos fatos.
Veja-se. Primeiro, doura a pílula, salvando a cara do titular (com isso o general poderia ser um novo Itamar Franco). Segundo, que se lixa para a opinião pública, pois sabe que o chefe tem a tolerância dos recém-eleitos e a indulgência de seus fanáticos, obnubilados como os lulistas.
Quem se importa com isso, tirando a oposição de conveniência, a imprensa que cativa os leitores e os raríssimos pensantes e críticos? No restante temos a maioria dos conformistas, dos que sabem que sempre foi e sempre será assim. A gangorra do engodo continua no sobe-desce.