Estamos às vésperas da revelação de um novo grande escândalo nacional, de dimensão sexual-financeiro, envolvendo, agora, forte liderança religiosa do País – padre cantor -, que um jornal impresso de circulação nacional vai focalizar com todas as letras, nos próximos dias.
A matéria vai na esteira do “Fé e Luxuria”, que até pode ser o título geral da reportagem.
Não se limitará, depois de meses de investigações, a mostrar quanto a manipulação da fé religiosa pode render em prestígio e facilitações no âmbito da sexualidade e poder econômico, para quem, em princípio, fez promessa de castidade.
MUITAS QUEIXAS
O levantamento vai além: inclui queixas de assédios de que teriam sido objeto homens e jovens, Brasil a fora (o padre tem circulação nacional, e grande prestígio em áreas diversas, com destaque para o Fortaleza e SP). A conferir nomes.
Mas já esclareço: não se trata de padre Marcello Rossi, uma honrosa presença religiosa nacional, homem acima de suspeitas malsãs.
PATUSCAS SENHORAS
O material de jornalismo investigativo vai fundo: expõe a surpreendente agilidade com o que o padre cantor cativa seu público – boa parte composto de patuscas senhoras e piedosos cavalheiros de todos os estratos socais do Brasil. Tudo feito sob a legalidade garantida por suas empresas e uma fundação que dão suporte ao empreendimento sacerdotal. Tudo sob o respaldo dos legais CNPJs…
E que devem, a esta altura, estar sob lupa da Receita.
R$ MILHÃO/MÊS
A arrecadação mensal seria enorme: só um dos braços financeiros do sacerdote, a Fundação, estaria garantindo entradas entre R$ 700 mil a um milhão, valores pagos por sócios contribuintes.
Contribuição majoritariamente de gente pobre, humilde, que às vezes doa hoje o que lhe faltará no dia seguinte.
FAMÍLIA HUMILDE
A matéria investigativa do jornal indagará como um ex-frade dominicano (que tinha voto de pobreza, razão porque deixou aquela Ordem Dominicana), filho de humildes agricultores do Norte paranaense, pôde se transformar, em 15 anos, depois se tornar padre diocesano, no comandante de um império religioso-financeiro que caminha no modelo dos bem sucedidos pastores neopentecostais, como o pastor Malafaia (que tem até avião e carro blindado e mora em condomínio de luxo).
APARTAMENTO DE R$ 5 MI
O mais surpreendente, soube, é que a reportagem passará pelos mais recentes investimentos materiais do homem que não aposta só no reino dos céus: o padre cantor, dirá o jornal, comprou um enorme apartamento, num recém-inaugurado, o mais luxuoso edifício no Batel, em Curitiba (próximo à RPC) pela bagatela de R$ 5 milhões.
MANSÃO EM PORTUGAL
Aliás, a propósito de investimentos, o jornal indagará dos planos do cantor em comprar uma mansão em Portugal. Até 2018 as negociações iam adiantadas.
E o mesmo tempo garantirá que foi surpreendente a compra realizada recentemente pela fundação: seis andares de um prédio de luxo, comercial, no Centro de Curitiba, onde instalou parte de seu império terrestre. Lá fica também a editora que o padre mantém, um dos negócios bem-sucedidos com o selo “católico”.
– Parece um ‘shopping’ de luxo, diz uma fonte ouvida pelo jornal, referindo-se ao espaço no edifício da Rua André de Barros, de 19 andares.
A rádio, a televisão e o auditório em que são gravados os programas repetidos para todo o Brasil – incluindo na Rede Vida – continuam na velha Igreja. O que até pode reforçar a “impressão de que são serviços de utilidade pública”, como distribuição de cestas básicas aos pobres.
Esse é o caminho que garante, num modelo bem brasileiro, isenção de certos tributos para organizações que se dizem de UP e caritativas.
SOBRINHO FIEL
Se o luxuoso imóvel milionário do Batel está no nome do religioso, numa de suas empresas e/ou no da fundação, não se sabe. Pode até estar no nome do sobrinho, que lhe dá cobertura legal em muitos passos, especialmente aqueles que devem esconder da Mitra de Curitiba o impressionante crescimento patrimonial do cantor e seu projeto.
VISITAS VIPS
De qualquer forma, o que se sabe é que o religioso cantor recebe suas visitas Vips no luxuoso endereço do Batel. Isso embora, nas proclamações públicas e quando pede contribuições, garanta que vive na torre da igreja-santuário com o qual se identifica. Claro, por razões estratégicas, mantém o aparato de moradia naquele espaço franciscano.
Mas, de fato, desfruta da vida boa no flat milionário.
REUNIÃO COM A CNBB
Uma boa fonte da Cúria Metropolitana da cidade a que o padre se subordina (onde está “incardinado”), foi ouvida pela reportagem do jornal da reportagem “Fé e Luxuria” e garante:
– Ele levou na lábia até nosso arcebispo…
Assim se referiu à reunião que o prelado promoveu entre ele, advogados da CNBB e o padre cantor em 2017.
“LEVOU NA LÁBIA”
Desse encontro, com um arcebispo assustado diante do alto grau de autonomia do padre cantor (fortemente ligado um político de Curitiba), o prelado teve aparente vitória: os advogados da CNBB conseguiram que, nos estatutos da fundação dita “católica”, ficassem explícitos os seus laços com a Cúria.
SE MORRER AMANHÃ…
E mais: que em caso de morte do padre dirigente da instituição, os bens da fundação passem ao patrimônio do Arcebispado.
A pergunta que se faz: será que, em caso de morte, esses bens incluirão também aqueles que estão em nome de pessoas físicas e empresas? Esta indagação pode até incluir a enorme área de terra que a fundação estaria recebendo em doação, de um benfeitor de Campo Largo, onde o religioso pretenderia instalar a sede definitiva de seus investimentos terrestres.