Brasileiro inventa palavras e adapta palavras estrangeiras, principalmente do inglês dos EUA, sob quem estamos sob colonização cultural (!) desde os anos 1960. Exemplos não faltam, são aos montes, a começar por este meio aqui, que chamamos de ‘mídia’. Mídia é uma apropriação cultural de ‘media’, palavra inglesa que replica o plural latino de ‘medium’, meios de comunicação. Os gringos escrevem ‘media’ e pronunciam ‘midia’.
Nós aqui, como os cariocas que chamaram os trens urbanos de bondes porque neles havia propaganda de ‘bonds’, ações lançadas na Bolsa. A mais recente é o ‘influenciador digital’, que transpusemos direto do inglês para identificar esse povinho que tem zilhões de seguidores – followers – na internet. Na sua maioria são celebridades, atrizes, blogueiras de moda e os que fazem da vida o chamado ‘reality show’, uma espécie de BBB.
Entre eles há o casal Whindersson Nunes – Luísa Sonsa (os ‘s’ nos nomes são um encanto especial), cantores radicados no Piauí. Juntos somam em seguidores as votações acumuladas de Joice Hasselmann, Eduardo Bolsonaro, Janaína Pascoal e ainda sobram cabeças suficientes para eleger um senador pelo Amapá. Luísa lança modas e agora põe no mercado o “biquini inclusivo”. Se já é difícil aceitar isso de ‘influenciador digital’.
Influenciador desses só reconheço um, o doutor Renato Bonardi. E como a mídia e os bondes, repudio a brincadeira com o verbo ‘incluir’. Incluir pode significar muita coisa. Tipo biquíni inclusivo. Isso é deturpação, linguagem equívoca, sem novidade. Não é de hoje que os biquínis entram tão profundamente nas generosas (e nas minguadas) nádegas brasileiras que mais importante será o biquíni exclusivo, o que se exclui das bundas.