Templo é dinheiro

Bispa Sônia – foto sem crédito.
Bispos da Renascer usariam dinheiro de entidades
em benefício próprio

Os bispos Sonia e Estevam Hernandes, fundadores da Igreja Renascer, são acusados de utilizar o dinheiro de fiéis, que seria doado a entidades filantrópicas, para engordar seu patrimônio pessoal. É o que afirma o promotor do caso, Marcelo Mendroni, após visita de membros do GOE (Grupo de Operações Especiais) da Polícia Civil a três entidades que os bispos dizem ajudar.

“Eles [bispos] criaram e abandonaram essas instituições como justificativa para conseguir mais doações de fiéis e continuar a cometer crimes de estelionato e falsidade ideológica”, diz o promotor.

Segundo o membro do Ministério Público, a situação dessas entidades, voltadas ao auxílio de crianças, é precária e de abandono, inclusive com alimentos vencidos e muita sujeira. As instituições, que seriam ligadas à igreja, estão localizadas em Franco da Rocha (Casa Lar), Heliópolis (Núcleo Assistencial) e Santana do Parnaíba (Centro de Ressocialização) e viveriam de recursos próprios.

A alegação de que o dinheiro da Renascer era usado em atividades filantrópicas fez parte dos depoimentos prestados pelos bispos à Justiça em setembro do ano passado. Como eles não apresentaram dados que comprovassem essas doações, o promotor afirma que teve que produzir essas provas, que agora fazem parte do processo criminal a que os fundadores da Renascer respondem por lavagem de dinheiro.

Ainda segundo Mendroni, nenhuma das entidades possuía documentos que comprovassem o recebimento de doações da igreja. “A entidade deveria ter o controle dos gastos”, argumenta Mendroni. “Esses dados serão encaminhados às autoridades competentes, para que providências sejam tomadas”, afirma.

Procurada pela reportagem de Última Instância, a assessoria de imprensa dos bispos prometeu se manifestar sobre o caso ainda nesta terça-feira.

Empresa da fé

Na denúncia apresentada pelo promotor Marcelo Mendroni, Estevam Hernandes Filho e a mulher são acusados de arrecadar “altíssimos valores” com a igreja, “às custas, principalmente, de ludibriar fiéis e de deixar de honrar incontáveis compromissos financeiros, tornando-os habitualidade, com evidências de características criminosas”. “Eles criaram um produto que é a fé. E vendem essa fé em moldes de organização criminosa”, afirma o promotor.

Segundo reportagem da revista Veja, os bispos teriam um patrimônio de R$ 130 milhões, em carros importados, apartamentos, fazendas e haras, no Brasil e no exterior. Também foi descoberta uma conta bancária dos fundadores da Renascer nos Estados Unidos, com uma movimentação de quase R$ 4 milhões em cinco anos.

Ainda de acordo com a revista, o casal, que responde por diversos crimes na Justiça brasileira, possui R$ 6,5 milhões em dívidas com o fisco paulista. O casal foi preso no dia 10 de janeiro nos Estados Unidos, onde foram condenados após serem flagrados na alfândega do Aeroporto de Miami,
com US$ 56 mil em espécie (cerca de R$ 112 mil). O casal diz que as denúncias são mentirosas.

Estevam Hernandes Filho, conhecido como apóstolo, e sua esposa, Sonia Haddad Moraes Hernandes, conhecida como bispa Sonia, respondem a ação penal por prática de crimes de lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, estelionato e formação de quadrilha.
Ambos têm prisão preventiva decretada no Brasil.

Rosanne D’Agostino/Folha de São Paulo

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em Geral, Sem categoria. Adicione o link permanente aos seus favoritos.
Compartilhe Facebook Twitter

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.