Quem é (ou foi) leitor de quadrinhos de boa qualidade certamente tem (ou teve) entre os seus heróis favoritos um baixinho bigududo, envergando um capacete alado na cabeça, cujas asas alteram-se com o humor do dono, que tem como companheiro inseparável um gorducho bom de briga e louco por um javali assado. Refiro-me, por certo, a Asterix e Obelix, criações imortais de René Goscinny e Albert Uderzo.
Por Tutatis!
Corre o ano 50 antes de Cristo. O poderoso Império Romano domina o mundo, inclusive a Gália, que na época compreendia a França, a Bélgica e a Itália… Quer dizer, toda a Gália, menos uma aldeia, situada na península na Armórica e habitada por gauleses que resistem bravamente aos invasores. A tribo é chefiada pelo majestoso Abracurcix, cujo único temor é que o céu caia em sua cabeça. Mas a resistência é liderada por Asterix e Obelix, graças à poção mágica preparada pelo venerável druida da aldeia, Panoramix. Ao redor, as guarnições de legionários romanos de Babaorum, Aquarium, Laudanum e Petibonum amargavam derrotas sobre derrotas para desespero de César.
Em tempo: Obelix está proibido de tomar a poção mágica, pois caiu dentro do caldeirão da poção quando era bebê e adquiriu super-força permanente.
Goscinny (argumento) e Uderzo (desenho) deram vida a Asterix em 1959. A primeira aventura foi publicada, em capítulos, na revista francesa Pilote, de 29 de outubro de 1959. Desde então o pequeno herói e seus companheiros protagonizaram uma das mais populares “bandas desenhadas” de todos os tempos, com mais de 370 milhões exemplares, em 111 idiomas. A série rendeu também filmes, desenhos animados e um parque temático, perto de Paris, com cerca de dois milhões de visitantes por ano.
No Brasil, Asterix chegou na década de 70, sendo publicado pelas editoras Bruguera, Cedibra, RGE, Salvat e Record, sempre em álbuns com tradução caprichada e impressão colorida primorosa.
Quando René Goscinny faleceu, em setembro de 1977, o desenhista Uderzo assumiu também o argumento das histórias. Em 2011, aos 84 anos de idade, depois de 52 anos de ininterrupta atividade, decidiu aposentar-se, mas continuou supervisionando as aventuras. Em 2013, com o álbum nº 35 – Asterix entre os Pictos” –, o personagem foi entregue a Jean-Yves Ferri (texto) e Didier Conrad (desenhos), que surpreendentemente mantiveram o estilo e a qualidade original de Goscinny e Uderzo.
No entanto, depois de “O Papiro de César”, datado de 2015, Asterix e Obelix sumiram das livrarias brasileiras. O álbum 37 deveria ser “Asterix e a Transitálica” (“Astérix et la Transitalique”, no original), mas não deu as caras por aqui. É que a Editora Record, editora no Brasil do gaulês desde 1983, perdera os direitos de publicação da série.
A frustração foi geral, embora se soubesse que um personagem da dimensão de Asterix, com o extraordinário apelo popular que tem, não ficaria ausente por muito tempo.
Assim é que o site Universo HQ está anunciando que o destino do material será a Panini – que já publica aqui os heróis da DC Comics, da Marvel e da Millarworld, além de Star Wars, The Walking Dead e de toda a turminha da Mônica, de Maurício de Sousa.
A multinacional italiana ainda não se pronunciou sobre o assunto, mas há quem diga que o novo selo publicará em outubro o álbum 38, ainda sem título divulgado. E o 37? Não se esqueçam dele.