Finalmente Jair Bolsonaro arrumou um filósofo à altura do que ele precisa. Que Olavo de Carvalho, qual nada. O pensador é o deputado Tiririca, que em entrevista à Folha de S. Paulo expôs sua visão política, falando da sua experiência como parlamentar. Ele aproveitou para dar conselhos a Bolsonaro sobre a articulação com os parlamentares e o aprimoramento da governabilidade.
Vejam uma explicação sua sobre o funcionamento da relação entre Legislativo e Executivo: “Aprovar projeto não depende de mim, depende do toma lá dá cá, que não é negócio de dinheiro, é: tu apoia o meu projeto que eu apoio o teu, é assim que funciona aqui”.
E tem também uma sugestão para Bolsonaro evitar dissabores no futuro: “Tá faltando a galera pra chegar e dizer: ‘Irmão, senta aqui. Cara, tu não é deputado. É o país, irmão. Assim não vai. É assim, assim e assim…’ Se ele não sair do pedestal ele vai ser o pior governo que já tivemos em todos os tempos”.
Sentiram a hermenêutica? Sem querer desmerecer Olavo de Carvalho, com o quase literal pontapé inicial que deu a este governo, na contribuição valorosa com seus palavrões, os xingamentos e toda aquela violenta espinafração, não se pode negar que o desbocado professor vem fracassando na resolução plena das questões de governo.
Numa rápida entrevista de jornal, Tiririca mostrou que pode ser um guru mais apropriado para Bolsonaro. Sua filosofia é muito mais raiz, como se diz hoje em dia. Claro que ele não chegou ainda a um sistema filosófico. Mas tudo tem seu tempo.
Em poucas palavras ele demonstrou que pode chegar ao conteúdo que permita a implantação de sólidos conceitos para o governo deslanchar. Como pensador, Tiririca pode desenvolver com muito mais eficiência a doutrina política bolsonarista que até agora Olavo não teve capacidade de criar.