passo a língua entre os dentes
sinto a saliva morna em volta da minha boca
cristalizo as madrugadas no esquecimento
fujo das normas sãs
meus ossos e minha pele continuam a me dizer frases soltas
esparsas
vazias
invento um vocabulário
transformo a dor em palavra
reverto a espera em pequenas doses de ternura
para me salvar de algo qualquer
e abrir meus olhos novamente
fazer você soprar em meus cílios
uma calma
uma brisa
um amor
minhas mãos guardam a chuva que acaba de cair
molho minha boca
sinto a saliva e a chuva
as feridas dilatam
e os meus sóis
seguem em brasa